Bolsonaro não responde à ONU sobre pai de Santa Cruz
Foto: Reprodução/ Época
Mais de 500 dias após ser cobrado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre as falas de Jair Bolsonaro sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz na ditadura militar, o governo federal ignora o assunto e não enviou uma explicação à entidade.
Há duas semanas, em resposta a um requerimento de informações do deputado Marcelo Calero, do Cidadania do Rio de Janeiro, Ernesto Araújo escreveu que “não há prazo para envio de eventual resposta do Estado brasileiro”.
O chanceler limitou-se a afirmar que fez uma consulta ao Ministério dos Direitos Humanos para obter “subsídios” sobre o caso, ainda em agosto de 2019, sem fornecer mais detalhes.
Naquele mês, relatores da ONU alertaram formalmente o governo brasileiro que Bolsonaro tinha a obrigação de explicar seus comentários sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, atual presidente da OAB.
Em julho de 2019, Bolsonaro afirmara que Felipe Santa Cruz não sabia a “verdade” sobre a morte do pai, em mais um episódio da tática bolsonarista de fazer acusações graves sem mostrar provas.
Dias antes da fala de Bolsonaro, a Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério dos Direitos Humanos havia emitido um atestado de óbito para Fernando Santa Cruz, apontando que Santa Cruz foi morto pelo Estado.
Segundo o documento, o então estudante de Direito “faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro/RJ, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.
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