Pandemia deve terminar na Inglaterra até abril
Foto: Reprodução/Getty Images
Uma queda de quase 40% no número de mortes em apenas uma semana parece bom demais para ser verdade.
Mas esta é a realidade no Reino Unido. O número de infecções caiu quase um quarto, outro desempenho notável. Pela primeira vez desde setembro, ficou abaixo de 100 casos por 100 mil pessoas. O último número de mortes por dia – 343 – trouxe uma redução de 37%.
Todos nos acostumamos a ver o pessimismo dos modelos matemáticos que sempre previam resultados catastróficos – alguns com boa dose de exagero.
Pois agora na Inglaterra – o principal país do Reino Unido – a redução no número de mortes por Covid-19 está três semanas à frente da modelagem.
Segundo as projeções do grupo cujas previsões o governo segue, o número de morte na Inglaterra cairia abaixo de 200 em meados de março.
Este marco foi alcançado em 25 de fevereiro.
O prognóstico de menos de 150 mortes era esperado para 21 de março – a data até onde avança o modelo. Mas já foi atingido.
“Os números são melhores do que qualquer um esperava”, disse ao Telegraph um integrante do grupo de modelagem, Mark Woolhouse, professor de epidemiologia da Universidade de Edimburgo.
Ver a curva da modelagem sobre o número de óbitos avançando mais de do que a da vida real é uma das imagens mais otimistas nesse último ano de tantos pessimismos.
Um dos motivos da diferença entre os dois dados, o prognosticado e o que está acontecendo, provavelmente é que os responsáveis pelo modelo não calcularam com precisão o efeito positivo da vacinação em massa.
Os cientistas lidaram com uma taxa de eficiência de 30” a 60% depois da segunda dose da vacina. No teste da realidade, a taxa foi a impressionantes 85%.
“Não teremos mortes excedentes até a Páscoa? Parece possível”, disse à BBC David Spiegelhalter, professor de estatística de Cambridge.
A cada semana, o número de mortes por Covid-19 na faixa acima dos 65 anos está caindo pela metade, acrescentou.
E tem mais: o número geral de mortes também está caindo devido a um “efeito colateral” positivo da epidemia. As mortes por gripe praticamente desapareceram porque as medidas básicas de prevenção – máscaras, mãos bem lavadas – bloquearam a transmissão do vírus da influenza. Também pesa o fato de que tantos dos idosos mais frágeis já tombaram, vítimas do coronavírus.
Quanto mais as notícias são boas no Reino Unido, recém-entrado no Brexit, mais negativas ficam, por inevitável comparação, na União Europeia.
As diferenças no ritmo de vacinação são gritantes e a ideia da ação coletiva vai perdendo adeptos. A demora nos processos de compra e aprovação de vacinas produziu um vexame cujos resultados ainda estão se desdobrando.
Os mais recentes aconteceram quando os governos da Áustria e da Dinamarca resolveram se descolar do espírito “um por todos, todos por um”, que falhou no teste da realidade.
Os dois países aproximaram-se de Israel, o líder mundial de vacinação, para sondar a pesquisa produção conjunta da segunda geração de vacinas, voltada para as inevitáveis mutações do vírus.
Pois é, enquanto a primeira geração ainda está demorando para chegar mesmo em países avançados, governantes que aprenderam as amargas lições da pandemia já estão pensando na segunda.
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