Paulo Guedes irá depor na Câmara obrigado
Foto: Agência Brasil
A Câmara dos Deputados decidiu ontem convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que ele compareça ao plenário da Casa para prestar esclarecimentos sobre movimentações financeiras no exterior por meio de empresas offshores. A expectativa é que ele compareça na quarta-feira, dia 13.
Em defesa do chefe da equipe econômica, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), pediu a retirada de pauta do requerimento e sugeriu que os deputados fizessem um acordo para transformar a convocação em convite.
“Ministro tem explicações a dar e está disposto a fazer. Só não vejo razão de ser uma convocação. Queria propor que transformássemos a convocação em convite que ele certamente atenderá, com a presteza que tem tido com a Casa”, defendeu Barros. “Assunto é relevante. É adequado que dê explicações, embora já tenha explicado que a empresa não tem nenhuma relação com sua atuação como ministro da Economia”, completou.
Inicialmente, partidos de centro, como o PP, o PSD e o PL, demonstraram certo alinhamento com Barros em transformar a convocação em convite e chegaram a orientar a favor da retirada de pauta.
A líder do Psol na Casa, Talíria Petrone (RJ), uma das autoras do requerimento de convocação, disse que a oposição não estava disposta a recuar.
“O ministro Paulo Guedes, que controla a política econômica brasileira, que tem informações privilegiadas, obviamente está se beneficiando da política que ele controla. Da política fiscal, monetária, cambial. Ele deve ser convocado para esta Casa para no mínimo explicar o inexplicável para os parlamentares brasileiros”.
Diante da decisão de partidos da oposição de não fechar acordo para que Guedes fosse convidado, legendas do Centrão começaram a mudar suas orientações e demonstraram apoio à convocação do ministro.
Líder do PP na Câmara, Cacá Leão (BA), foi o primeiro a mudar a orientação. Ele é correligionário do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro.
“Tentamos construir um acordo com a oposição para que a gente transformasse num convite, mas não foi possível esse entendimento. Há o entendimento da importância da vinda de Guedes a esse plenário para se esclarecer o que vem sendo falado na imprensa”, disse Leão.
Guedes já tinha sido convocado para prestar esclarecimentos nas comissões de Fiscalização Financeira e Controle, e de Trabalho, Administração e Serviço Público. A expectativa é que os colegiados abram mão de ouvi-lo para que ele preste esclarecimentos apenas no plenário da Câmara.
No fim de semana, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) publicou reportagens batizadas de “Pandora Papers” citando mais de 330 pessoas públicas de 91 países e territórios que têm ou tinham empresas offshore, fora de seu domicílio fiscal e abertas em locais conhecidos como paraísos fiscais. No Brasil, além de Guedes e Campos Neto, empresários também foram citados. Todos afirmaram que os recursos foram declarados aos órgãos competentes.
Ter recursos offshore ou em conta no exterior não é ilegal desde que o saldo mantido seja declarado à Receita Federal e ao BC. Segundo o ICIJ, Guedes e Campos Neto tinham empresas offshore mantidas depois de integrarem o governo. O presidente do BC fechou uma empresa cerca de 15 meses após assumir o BC. A de Guedes está ativa.
Após as reportagens, o procurador-geral da República, Augusto Aras, instaurou uma investigação sobre o caso na segunda-feira.
Por meio de seus dois advogados, Guedes apresentou ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) documentos que, segundo sua defesa, comprovam que ele está afastado da gestão da empresa Dreadnoughts desde dezembro de 2018.
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