Huck estreia série de declarações bizarras sobre eleição
Depois de quase ter preenchido a comentada brecha para um outsider na corrida presidencial, o apresentador Luciano Huck disse nesta segunda-feira (6) que o quadro final de candidaturas ao Planalto, fechado nos últimos dias, acabou dominado pelo “establishment absoluto”.
Ele afirmou, no entanto, que não se arrepende de ter desistido de levar adiante as pretensões eleitorais. “Eu acho que eu fiz certo.” Para o comunicador, o ambiente político ainda é muito hostil aos forasteiros.
Huck, curador de um evento em São Paulo sobre o uso de tecnologias por governos, manteve o suspense sobre a postura que terá na campanha. Falou que não sabe se vai apoiar alguém.
Alongou a resposta para dizer que “essa retidão que ela tem, essa correção, é importante para o debate”.
“Se ela vai ganhar ou não vai, quem vai decidir é o eleitor. Mas eu acho muito importante ela ter respaldo, ela ter mecanismos de comunicar a mensagem dela. Eu acho importante para o conjunto da obra”, disse Huck.
O apresentador da TV Globo se reuniu com pessoas da área de comunicação da campanha dela nas últimas semanas. Em junho, também recebeu a candidata em um jantar em sua casa. Na ocasião, reafirmou ter simpatia pela ex-senadora e pelo postulante do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Nesta segunda-feira, disse que nunca declarou voto especificamente (foi apoiador do tucano Aécio Neves em 2014) e que não fará diferente desta vez.
“Mas todo mundo sabe que eu tenho respeito e admiração pela Marina, e eu acho importante ela estar no processo, como eu tenho pelo Alckmin também. Que eu acho que é um cara importante estar nesse processo, no debate. As minhas preferências eu nunca escondi. Mas campanha eu não estou fazendo”, afirmou.
Para ele, a aliança do tucano com partidos do centrão é uma evidência de que o paulista representa “a velha política”.
“Mas ele é um cara correto”, observou. O comunicador usou também adjetivos como clássico e tradicional para se referir ao presidenciável, “que nunca foi um novo político”, em sua visão.
“Se o Alckmin fosse eleito presidente, não tenho a menor dúvida de que ele entregaria o país melhor do que ele recebeu. Haja vista São Paulo. São Paulo tem bons números, tem uma boa execução do que ele se propôs a fazer. O Alckmin é um político competente, mas é a velha política.”
O apresentador e empresário falou do tema em um seminário que tratava justamente do oposto: de como novidades podem melhorar o Estado e a vida dos cidadãos. No GovTech Brasil, convidados discutem o uso de aplicativos de celular e de sistemas automatizados na gestão pública.
Huck é um dos organizadores do evento, ao lado da fundadora do “hub de inovação” BrazilLAB, Letícia Piccolotto, e do diretor do ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade) Ronaldo Lemos, também colunista da Folha.
Padrasto do apresentador e ex-secretário estadual da Fazenda no governo Alckmin, o economista Andrea Calabi também estava na abertura do evento.
O encontro, que terá dois dias de duração, receberá nesta terça-feira (7) presidenciáveis como Marina, Alckmin, João Amoêdo (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) para uma conversa sobre inovação no setor público.
Huck diz que sua tarefa até a eleição será “ficar chacoalhando a bandeira da renovação, independentemente de quem seja”.
“Claramente eu não estou mais sozinho nisso. [Há muita] gente da nossa geração que está a fim de contribuir na construção de um país mais moderno, que possa diminuir o ‘gap’ [abismo] de diferenças sociais.”
Ele lembrou que movimentos dos quais faz parte, como o Agora! e o RenovaBR, tentam furar o bloqueio a partir da renovação no Legislativo. Juntos, os dois grupos terão mais de 150 candidatos para o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas.
“O que eu quero fazer é dar visibilidade aos movimentos cívicos, à renovação. E não falar se eu voto num candidato ou no outro”, afirmou Huck.
Com informações da Folha de S. Paulo.