Guedes liga metralhadora giratória contra antecessores e Pacheco

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Foto: Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

O mercado, essa entidade sem rosto que ora empurra para cima a Bolsa de Valores, ora para baixo, tem poder suficiente para desestabilizar governos e ministros e se move orientado por um único objetivo: lucrar mais, sempre mais. Não lhe importa quem nas esquinas vasculhe latas de lixo atrás do que comer.

Se lhe perguntarem se é assim, um dos seus membros, banqueiro, empresário ou consultor responderá que não. Dirá que os interesses do país estão adiante de tudo. Antigamente, mas não faz tanto tempo, dizia que é preciso primeiro fazer o bolo para depois reparti-lo; hoje, que a repartição deve ser mais justa.

Na semana passada, o mercado reagiu muito mal à decisão do governo de desrespeitar a lei do teto de gastos a pretexto de socorrer os brasileiros mais pobres – na verdade, para reverter a expectativa de derrota do presidente Jair Bolsonaro nas eleições do ano que vem à custa de mais inflação, juros altos e desemprego.

Todas essas condições estão postas e nada indica que serão retiradas desde que o ministro Paulo Guedes, da Economia, rendeu-se à pressão superior e falou em licença para gastar mais. Como o mercado vai se comportar a partir de logo mais uma vez que Guedes não pediu demissão? Ruim com ele? Pior sem?

A reação anterior foi apenas para mantê-lo onde está, um recado que Bolsonaro entendeu e se apressou a atender? O momento agora seria o de recuperar o que perdeu e conformar-se com o que possa vir? Bolsonaro, com Guedes a tiracolo, foi ontem a uma feira de pássaros e anunciou que os dois ficarão juntos até o fim.

Por sua vez, em obediência ao chefe, Guedes atirou em Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, culpando-o de antemão pelo fracasso das reformas se tal ocorrer. Pacheco está de mudança do DEM para o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab com a pretensão de suceder Bolsonaro.

“Nós esperamos que o presidente do Senado avance com as reformas”, disse Guedes entre o canto de pássaros e na condição recém-adquirida de office-boy de Bolsonaro. “Se ele se lança presidente da República agora, se ele não avançar com as reformas, como é que ele vai defender a própria candidatura dele?”, questionou o ministro.

Se o segundo turno for disputado por Bolsonaro e Lula, são grandes as chances de o PSD apoiar Lula. O ataque especulativo de Guedes a Pacheco tem Lula como alvo final. Se as reformas não andarem, é porque Pacheco estaria a serviço da eleição de Lula. Argumento tosco, convenhamos, mas há toscos demais por aí.

Rebaixado e ferido, Guedes passou recibo das críticas que recebeu. Referiu-se ao ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega como o “que levou o Brasil à inflação de 5.000% com a política de feijão com arroz”. Aconselhou Afonso Pastore, ex-presidente do Banco Central e seu amigo, a “ficar quieto e ter uma velhice digna”.

E partiu para cima de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula e ministro de Michel Temer. Segundo Guedes, Meirelles deu três aumentos para o funcionalismo público e deixou um para ser concedido por Bolsonaro. “Trabalha em qualquer partido, a qualquer hora”, debochou.

Metrópoles

 

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