Mulheres de direita e esquerda fazem campanha conjunta no PR
Foto: Ivan Amorin/Estadão
Um grupo formado por mulheres em Maringá, no norte do Paraná, guiou-se pela busca da paridade de gênero na política e uniu 12 pré-candidatas a deputadas estadual e federal de sete partidos de espectros ideológicos diferentes – Progressistas, PT, MDB, Rede, PSB, PDT e PCdoB. Um evento nesta quarta-feira, 29, marcou o lançamento das pré-candidaturas do movimento Mais Mulheres no Poder (MMNP) no auditório da OAB em Maringá.
Com a rede de apoio, elas buscam dar visibilidade às candidaturas femininas e assegurar que não haja “candidaturas fictícias” de mulheres apenas para cumprir a cota de 30%. Caso eleita, a candidata que integra o grupo se compromete a lutar pela paridade de gênero nos cargos de primeiro e segundo escalões do Executivo e investimento e por 4% do orçamento público, seja estadual ou federal, em políticas de violência contra a mulher.
“Foi de uma experiência de ofensa na internet que surgiu o movimento. Eu só tive a ideia, que logo foi abraçada e se tornou uma construção coletiva”, conta Ana Lúcia Rodrigues (PDT), vereadora em Maringá. Em 2020, ainda na pré-campanha, houve uma ofensa moral pelas redes sociais utilizando uma imagem do lançamento candidaturas das mulheres do partido.
Incomodada, além da parte jurídica, Ana Lúcia entrou em contato com os outros partidos e reuniu 90 candidatas a vereadora por 16 siglas nas eleições municipais em Maringá. Ela foi a única que se elegeu e outras três se tornaram suplentes. Ainda neste ano, o movimento vai se expandir e unir candidaturas femininas de todo o Estado. “Reverter a baixa participação da mulher nos espaços de poder e de decisão é um processo inexorável”, diz.
Além de Ana Lúcia, também tentarão uma vaga na Assembleia Legislativa pelo movimento as pré-candidatas Barbara Segantine (PC do B), Coronel Audilene (PP), Giselli Bianchini (Pros), Majô (PP) e Margot Jung (PT). Na disputa por uma cadeira na Câmara dos Deputados, estão Brenda Rompatto (PSB), Dienifer Farias dos Santos (PT), Elenice Santos (Rede), Jessica Magno (PT), Kelly Ramos (Rede), Lilianny Ripke (MDB), Mércia Froeming (MDB) e professora Grasy Takano (PDT).
Para evitar atritos, dado o caráter suprapartidário, elas concentram as revindicações em temas que têm em comum e no objetivo de eleger mais mulheres – hoje a participação feminina na Câmara dos Deputados é de 15%. “As pessoas têm direito a opinião. Eu respeito o posicionamento delas, e elas respeitam o meu. É isso que está sendo trabalhado dentro do grupo”, conta a pré-candidata Audilene Rocha, que é coronel da Polícia Militar do Paraná.
Embora de partidos diferentes, no caso de Maringá as siglas permeiam a centro-esquerda e a centro-direita, avalia a cientista política Camila Galetti. “Essa ideia é uma estratégia de furar a bolha, tendo em vista esse contexto de baixa representatividade feminina. E, majoritariamente, as que estão no poder têm consonância com um discurso muito antifeminista e que não vai pensar sobre mais mulheres no poder”, afirma.
Camila alerta para o crescimento da violência política de gênero, o que demanda cada vez mais ações coletivas como reposta. “A política é feita de disputas de narrativas e isso está sendo demonstrado nesse coletivo. No primeiro momento não fazendo embates, mas se unindo, para num segundo momento, caso eleitas, terem essas disputas de narrativas”, explica.