Bolsonaro desqualifica Datafolha, mas acompanha de perto
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
A estratégia da campanha de Bolsonaro para lidar com o Datafolha tem sido de desqualificar a pesquisa, mas seus integrantes veem os levantamentos como um trunfo necessário para aumentar as arrecadações. Hoje, as doações feitas para Bolsonaro estão muito abaixo daquilo que o PL, seu partido, projeta. O montante recebido e declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a tarde desta quinta-feira foi de R$ 50,6 mil.
Com a resistência de Bolsonaro em pedir dinheiro, praticamente todo núcleo duro da campanha foi escalado para a missão, desde assessores a ministros do alto escalão. Os principais responsáveis para falar com grandes empresário são o senador Flávio Bolsonaro e o candidato a vice, Braga Netto. A avaliação é a de que eles são os nomes com maior credibilidade para representar diretamente Bolsonaro no tema.
Mesmo com ataques públicos às pesquisas, os integrantes da campanha dizem, em reuniões a portas fechadas, que o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas mais recentes, mesmo que tímido, ajudará o empresariado a acreditar na virada e fazer doações. Após a divulgação do Datafolha, nesta quinta-feira, Flávio disse à coluna que a pesquisa “deveria mudar o nome para DataLula”. O ministro Ciro Nogueira afirmou que o instituto “acostumou a só acertar no dia da eleição”.
O Datafolha é reconhecido como um dos institutos de pesquisa mais respeitados do Brasil. Não por acaso, seus resultados têm influenciado diretamente nas campanhas e suas estratégias.
Integrantes da campanha ainda não desistiram de convencer Bolsonaro a pedir dinheiro. Eles têm trabalhado, inclusive, para que o presidente aceite gravar vídeos com o foco na arrecadação de recursos. Bolsonaro, no entanto, apresenta resistência até mesmo para pedir doações abertamente em reuniões que já teve, por exemplo, com representantes de peso do agronegócio, uma de suas bases mais fieis.