Lula conhece “comunista” do partido Democrata que o defendeu
O presidente brasileiro também se reuniu com deputados democratas enquanto grupos de apoiadores e opositores se manifestavam na frente da Blair House
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com o senador americano Bernie Sanders na manhã desta sexta-feira, 10, durante sua visita a Washington. Em sua breve viagem aos Estados Unidos, o petista vai se reunir também com o presidente Joe Biden.
Com o @SenSanders, que tive o prazer de conhecer ao vivo hoje. Já tínhamos conversado em reunião por vídeo antes. Falamos sobre sobre democracia, movimento sindical e melhores direitos e empregos para trabalhadores.
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— Lula (@LulaOficial) February 10, 2023
Sanders é um dos principais líderes da esquerda no país, e foi um apoiador barulhento de Lula enquanto ele estava preso por acusações de corrupção. O senador defendia a sua liberdade e, quando foi solto, em novembro de 2019, publicou nas redes sociais que “como presidente, Lula fez mais do que qualquer um para reduzir a pobreza no Brasil e defender os trabalhadores”.
No encontro, Lula defendeu o fortalecimento das instituições democráticas em todo o mundo e alertou sobre a ameaça de extremistas de direita tentando minar a democracia. Já Sanders falou aos jornalistas que os Estados Unidos e a América Latina precisam parar de governar apenas para os bilionários e começar a pensar nos interesses dos trabalhadores.
A questão climática também foi um dos principais tópicos da conversa entre os políticos. Sanders falou sobre os riscos do desmatamento e disse que o futuro da Amazônia vai determinar se o planeta pode ser salvo ou não. Lula deve receber membros do partido democrata na Blair House, residência que fica em frente a Casa Branca, normalmente oferecida para outros líderes de Estado, onde está hospedado.
Enquanto recebia os deputados, protestos de opositores e apoiadores do presidente brasileiro aconteceram na frente do local. Um grupo de três bolsonaristas, liderado por Alessandro Lúcio Boneares, ligado ao grupo Yes Brasil, gritava “Lula ladrão, seu lugar é na prisão” com um megafone e carregava cartazes contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os manifestantes alegavam que a eleição brasileira foi “roubada”.
Outras três manifestantes, do grupo Defend Democracy in Brazil, que é contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, também foram ao local demonstrar apoio ao atual presidente. As três mulheres pediam a defesa da democracia e a proteção do povo ianomâmi. Os dois grupos trocaram farpas. Lula escolheu se hospedar na Blair House, ao invés de um hotel, justamente para se proteger das manifestações.
O local é vigiado pelo serviço secreto americano quando tem visitantes do exterior. Nos Estados Unidos, há uma mobilização de parlamentares em prol do presidente brasileiro. Na última quarta-feira 8, três democratas propuseram uma resolução na Câmara que repudia os ataques do dia 8 de janeiro aos prédios dos Três Poderes, em Brasília. A medida ainda visa a cooperação em responsabilizar pessoas vinculadas ao ataque que estejam em solo americano.
No dia seguinte da invasão da Suprema Corte, Congresso e Palácio da Alvorada, Biden sinalizou seu apoio e convidou Lula para um encontro. Segundo Biden, o caso foi um “ataque às instituições democráticas e à transferência pacífica do poder”.
A expectativa é de que os dois líderes falem sobre o apoio dos Estados Unidos à democracia brasileira e os esforços para promover os valores democráticos em todo o mundo. Depois, os presidentes vão para uma reunião ampliada com a presença dos ministros brasileiros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Fernando Haddad (Economia) e Anielle Franco (Igualdade Racial) e os representantes americanos Anthony Blinken (secretário de Estado), Janet Yellen (Tesouro), John Kerry (enviado especial para o clima) e Jake Sullivan (conselheiro de Segurança Nacional).