PCC pode se vingar da chacina do Guarujá

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Foto: Renan Porto/Metrópoles

A Polícia Civil de São Paulo não descarta a possibilidade de uma ação orquestrada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra forças de segurança na Baixada Santista como represália à operação policial que já matou 16 pessoas no litoral paulista em uma semana.

“Existe a possibilidade de reação do crime organizado. Precisamos agora ter mais atenção do que nunca, da Polícia Civil, da Polícia Militar e da GCM [Guarda Civil Municipal]. Qualquer um de nós pode ser alvo de represália. Nós estamos atrapalhando o comércio de drogas, porque pessoas estão sendo mortas em confronto”, disse um delegado da região, sob reserva.

A Operação Escudo foi deflagrada pela Polícia Militar (PM) na semana passada, após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), tropa de elite da PM, durante patrulhamento na comunidade Vila Zilda, no Guarujá.

Desde então, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), 16 pessoas morreram em supostos confrontos com a polícia — 13 no Guarujá e três em Santos. Três PMs ficaram feridos. Ainda de acordo com a pasta, 58 suspeitos foram presos na Baixada Santista.

Na última terça-feira (1º/8), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que a região está “dominada pelo crime organizado” e falou em “guerra” contra o tráfico de drogas. O governador afirmou ainda que “não existe combate ao crime sem efeito colateral”, em referência às mortes, e que eventuais “excessos” por parte das forças de segurança serão investigados e punidos.

De acordo com o delegado ouvido pelo Metrópoles, não há como cravar que o ataque de fuzil a dois policiais militares na manhã da última terça-feira (1º/8), em Santos, já tenha sido uma represália do PCC. Na ação, a cabo da PM Najara Fátima Gomes ficou ferida e foi hospitalizada.

No mesmo dia, a polícia prendeu, na capital paulista, um integrante do PCC condenado a 12 anos de prisão e que estava foragido da Justiça. Os policiais que fizeram a abordagem suspeitam que ele se deslocava para São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, para uma suposta reunião sobre um plano de ataques a policiais.

“Por enquanto, essa história de ‘salve’ do PCC não existe. O que existe é a necessidade de ficar atento. Pode ter uma represália”, afirmou o delegado.

Uma possível reação do crime organizado à operação no litoral também já foi debatida dentro do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Por causa disso, o secretário Guilherme Derrite (Segurança) determinou o reforço das tropas enviadas ao litoral paulista.

O alerta traz como memória os ataques promovidos pelo PCC em maio de 2006, quando mais de 500 civis e 59 agentes públicos foram mortos em São Paulo. A onda de atentados, que obrigou um toque de recolher em várias cidades paulistas, incluindo a capital, foi uma reação à transferência de centenas de presos da facção para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, presídio de segurança máxima no interior paulista.

Metrópoles