Serviço de poda de árvores de Covas é ruim e reclamações só aumentam
A gestão Bruno Covas (PSDB) diminuiu o cuidado com as árvores da cidade de São Paulo e o serviço de poda teve queda de quase 10% em 2018.
A piora no serviço ocorre em cenário de explosão no número de quedas de árvores nos últimos anos. Só em janeiro a cidade registrou 67% mais quedas do que no mesmo mês do ano passado, com 43 tombamentos por dia, conforme noticiou o jornal Agora, do Grupo Folha, que edita a Folha, neste mês.
As quedas de árvores estão relacionadas com questões climáticas como as fortes chuvas, mas também são influenciadas pela qualidade da manutenção da vegetação, dizem especialistas.
De acordo com dados fornecidos via Lei de Acesso à Informação, a prefeitura podou 89,6 mil árvores no último ano. Em 2017, foram 98,3 mil, quase 9 mil árvores a menos.
O volume desse serviço já vem caindo na última década. Em 2008, durante a gestão de Gilberto Kassab (hoje no PSD), a prefeitura chegou a realizar 138,9 mil podas.
Com a piora no serviço, as queixas à Ouvidoria da prefeitura saltaram para o primeiro lugar, superando as reclamações sobre buracos e pavimentação. As reclamações passaram de 2.455, em 2017, para 3.420 no ano passado, um aumento de 39,3%.
No último fim de semana, devido às fortes chuvas, dezenas de árvores caíram em São Paulo. Em janeiro, foram 1.358 quedas de árvore, contra 811 no mesmo mês de 2018.
Contabilizando o ano passado inteiro, houve 4.447 quedas, contra 3.611 no ano anterior, segundo a Defesa Civil. A variação é de 23%.
O publicitário Hércules Torres, 52, foi um dos paulistanos que acionou a Ouvidoria para resolver seu problema. Morador da região de Santo Amaro (zona sul), ele relata ter feito o pedido no início do ano passado e só ter sido atendido mais de sete meses depois.
“Chegou a um ponto que eu não estava mais conseguindo abrir o portão, que é de ferro. Estava um perigo, com a árvore encostando nos fios”, diz.
Ele afirma, nos três anos em que mora no local, a prefeitura só apareceu para fazer a poda após ser chamada. “Seria mais fácil se fizessem um trabalho de rotina”, afirma.
O número de remoções de árvores permaneceu estável, em 11,6 mil, na comparação entre 2017 e 2018. No entanto, também há tendência de queda, uma vez que, em 2016, houve 14.868 remoções.
O plantio de novas árvores também caiu no último ano, segundo dados da Secretaria de Subprefeituras. Passaram de 7.010 para 5.527.
O botânico Ricardo Cardim atenta para a questão da qualidade da poda. De acordo com ele, os cortes feitos de maneira inadequada acabam deixando as árvores doentes e causando as quedas.
“Tem a poda de manutenção que ajuda a planta a se formar, que é desejável, e tem a poda mutiladora que infelizmente é a mais comum em São Paulo”, afirma. “A poda mutiladora é de galhos grandes, que abrem espaço para a entrada de cupins, fungos e doenças”.
Cardim compara esse tipo de poda à amputação em um ser humano. “Se cortar um dedo, é mais fácil haver cicatrização antes da pessoa morrer. Mas, se corta um braço, a chance de morrer antes de cicatrizar é maior”.
A gestão Bruno Covas afirmou que aumentou as equipes voltadas à manutenção das árvores na cidade.
“Desde meados de 2018 todas as subprefeituras têm mais de uma equipe de poda e manejo de árvores, um esforço desta administração para tentar minimizar um problema histórico da cidade”, diz o comunicado.
Segundo na prefeitura, em média, 65 equipes atuam fazendo este tipo de serviço na cidade.
Os pedidos podem ser feitos por meio do telefone 156. “Em todo o ano passado, 51.090 solicitações foram registradas pela população para serviços em árvore em área pública na Central SP156”, diz a nota da prefeitura, que cita haver uma quantidade represada de solicitações.
A gestão Covas ressalta que a prefeitura tem até 120 dias para responder às solicitações. Segundo o município, em caso de risco iminente, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros (193) e a Defesa Civil (199).
A prefeitura informa ainda que, em 2018, foram realizados 33 mil plantios de árvores se forem contabilizados Termos de Compromisso Ambiental e Termo de Ajustamento de Conduta e fornecimento aos munícipes, além dos plantios feitos pelas subprefeituras informados nesta reportagem.
A nota não cita, utilizando este critério mais abrangente, que inclui o plantio feito pela população e empresas, qual foi o saldo em 2017.
Da FSP