Diretrizes para 2019 apresentadas por Vélez são um poço sobre o nada
Em audiência pública realizada nesta terça-feira, 26, no Senado Federal, o novo Ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodriguez, apresentou 7 diretrizes para o ano de 2019.
Veja os pontos expostos:
Findo o discurso de apresentação das diretrizes, as(os) senadoras(es) apresentaram suas questões ao ministro. Entre tópicos, foram alvo de discussão polêmicas recentes derivadas de declarações do Veléz.
Entre elas, constaram críticas ao pedido feito pelo órgão de que as escolas filmassem a leitura do slogan de Bolsonaro durante a execução do hino nacional com estudantes e docentes e a declaração de que as universidades deveriam ser apenas para uma elite intelectual.
Veléz foi também interrogado sobre o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE). Solicitou-se que o ministro apontasse, entre as metas do documento, quais seriam as consideradas prioritárias pelo MEC e como se dariam os esforços políticos, financeiros e técnicos para o seu cumprimento. A pergunta, entretanto, não foi respondida.
Rumo ao 5º ano de vigência, o PNE encontra-se escanteado pelo governo federal. Balanço apresentado em julho do ano passado mostra que somente 30% dos dispositivos previstos para os quatro primeiros anos tiveram algum avanço e somente um foi cumprido integralmente, mas com atraso.
Além do desinteresse político, outro fato apontado como responsável pela não execução do PNE é o Teto de Gastos. O congelamento orçamentário de 20 anos definido pela Emenda Constitucional 95 (EC95) inviabiliza a execução da Meta 20 (que trata de financiamento) e tem um efeito cascata sobre as outras propostas do plano.
Questionado sobre a falta de recurso nos municípios para o aprimoramento do ensino, Veléz ignorou o cenário de corte federal e atribuiu aos secretários o problema.
“Os secretários municipais fazem o serviço de preencher esse monte de formulários que precisam apresentar ao MEC para receber recursos. Por vezes, muitas vezes, esses documentos ficam pelo caminho, porque não foi preenchida corretamente a planilha Excel no computador”.
Como solução, afirmou que o técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) se deslocarão os municípios para dar suporte ao preenchimento de formulários e à produção de requerimentos.
Assista a audiência completa:
Durante a audiência, estudantes e professores(as) foram impedidas(os) de falar. “A imprensa e os ocupantes do final do plenário estão atrapalhando a nossa reunião. Eu avisei no início e estabeleci as regras. Cumpram-se as regras: não será permitido manifestação nesta reunião. Se as pessoas não respeitarem esse quesito, eu serei obrigado a pedir que os senhores e as senhoras possam se retirar”, alegou o senador responsável pela sessão, Mario Berger (MDB).
Durante o tumulto, a senadora Daniella Ribeiro (PP) interviu, ressaltando a importância de que o público colocasse suas perguntas. Ela foi interrompida por Berger: “Essa é uma audiência pública. Quem tem a palavra, única e exclusivamente, são os os senhores senadores. Abrimos um pequeno precedente para o presidente da comissão de educação da Câmara dos Deputados. Mas não é permitida a participação de qualquer outra pessoa que não seja senador”.
Ainda tentando se colocar, Daniella sugeriu que, se fosse de acordo das(os) senadoras(es) presentes, houvesse participação de voz ao público, mas foi novamente interrompida.
A senadora Eliziane Gama (PPS) também tentou defender as colocações do público. “Queria registrar que não está havendo uma manifestação com barulho que impeça o transcorrer da audiência. O que estou ouvindo são só os flashes das câmeras fotográficas. Não há porque pedir a retirada de manifestantes, estão na mais tranquila e absoluta paz”, defendeu. Foi sucedida então por mais uma intervenção de Berger: “Não vamos inflar essas questões”, advogou.
Foi então a vez da senadora Zenaide Maia (PROS) argumentar: “A representação dos estudantes e dos professores, é importante. Acho que quando se diz audiência pública não é só para os parlamentares. Vamos ouvir. Como falou a Eliziane, eles não estão incomodando. É como se tivesse uma audiência pública do interesse de nós, senadores, e a gente não pudesse entrar”.
Mesmo com as defesas das senadoras, a audiência seguiu sem que estudantes e professoras(es) pudessem se colocar.