Gentili ridiculariza condenação e continua dizendo que foi ‘censurado’
Danilo Gentili, 39, fez piada em seu programa na noite da segunda-feira (15) sobre a condenação a 6 meses e 28 dias de detenção, em regime inicial semiaberto, pelo crime de injúria praticado contra a deputada federal Maria do Rosário Nunes (PT-RS), na semana passada.
Diguinho Muniz, locutor da atração, começou apresentando o talk show, com direito a seu nome no letreiro. Juliana Oliveira, assistente de palco, usava uma camiseta com o nome dela no lugar do de Danilo. “Eu ainda estou livre, o programa ainda é meu”, reivindicou.
“Estão tentando me colocar na cadeia, todo mundo já sabe, e obrigado a todos que me apoiaram na internet, nas ruas. Até quem eu menos esperava apareceu na internet e me defendeu, dá uma olhada” disse, exibindo uma foto antiga da deputada segurando um cartaz com os dizeres “Lei da mordaça, não”. “Muito obrigado pelo seu apoio, Maria do Rosário. E eu nem precisei estuprar ninguém, hein?”, ironizou.
“Meu medo é na hora de me enturmar na prisão. Vou perguntar como o cara chegou lá, ele vai dizer: ‘estuprei e matei, e você?’. Eu vou falar: ‘zoei uma deputada, Maria do Rosário’. Ele vai dizer: ‘ela que te colocou aqui? Que estranho, ela quer me tirar daqui”, continuou.
“Vou virar o Gugu ao contrário. Ele vai na cadeia entrevistar as pessoas, elas vão na cadeia para eu entrevistar”, falou, mostrando memes que o assunto gerou. Sem citar nomes, alfinetou humoristas, como Fábio Porchat – que chamou de “desrespeitoso” o vídeo em que Gentili rasga e esfrega nas partes íntimas a notificação extrajudicial do processo da deputada.
“Teve aqueles apoios de comediante que quer agradar militância, que defendiam e falavam mal de mim para agradar o movimento político que me censurou. Me lembrou a Chiquinha defendendo o Nhonho”, comparou, referindo-se aos personagens de “Chaves”. “Vou pedir a vocês comediantes que ficam com medinho de desagradar militância política: não me defendam, tá bom? Não precisa”.
O apresentador garante que não pretende se intimidar. “Quem gosta do programa, pode ficar tranquilo: até eu ser preso, vou continuar levando esse puteiro toda madrugada”, encerrou o assunto, enquanto Léo Lins fazia outra piada, cavando um túnel para sua possível fuga.
ENTENDA O CASO
Em maio de 2017, Gentili recebeu a notificação extrajudicial do processo movido por Maria do Rosário, mas rasgou e esfregou os papéis nas partes íntimas. Na ação, ele finge surpresa com o conteúdo do envelope e destaca o termo “puta” da palavra deputada.
O vídeo foi publicado nas redes sociais. A defesa alegou que o humorista não teve a intenção de atacar Maria do Rosário, mas a juíza Maria Isabel do Prado não reconheceu o argumento.
Na decisão, a juíza ressalta o direito à liberdade de expressão, mas pontua que quando alguém ultrapassa a linha da ética, “surge no Estado de Direito a tutela penal como legítimo instrumento de contenção contra o uso abusivo da liberdade de expressão. Verifico que o humorista e apresentador dolosamente injuriou através da internet a deputada federal, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, atribuindo-lhe a alcunha de ‘puta'”, escreveu a magistrada na sentença.
Dois dias depois, Gentili também foi condenado pela 26ª Câmara Civil do Rio de Janeiro a indenizar em R$ 20 mil o deputado Marcelo Freixo (PSOL) por ofensa, injúria, difamação e danos morais. Ele escreveu no Twitter em 3 de maio de 2017: “Pô, Marcelo Freixo. Você é uma farsa mesmo, hein, seu merda. Aproveitando… E seus black blocs? Mataram mais alguém esses dias?”.
Da FSP.