Contestou Holocausto, foi preso

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O ensaísta francês de extrema direita Alain Soral foi condenado nesta segunda-feira (15) pelo Tribunal Penal de Paris a um ano de prisão por contestar a existência do Holocausto. Ele não estava presente na leitura da deliberação no Tribunal de Paris.

Seu advogado, Damien Viguier, foi condenado a pagar uma multa de € 5.000 (R$ 22 mil, na cotação atual) por cumplicidade, devido ao conteúdo dessas conclusões.

O tribunal foi além da acusação da promotoria por Soral, que já foi condenado várias vezes, principalmente por provocar ódio racial.

Na audiência, em 5 de março, a acusação havia pedido seis meses de prisão em regime fechado contra ele e € 15.000 (R$ 65,85 mil) de multa contra seu advogado.

Ambos terão de pagar um euro simbólico de danos a quatro associações civis antirracistas, além de € 1.500 (R$ 6,6 mil) em custos legais para cada uma delas.

Em 2016, o site de Alain Soral, Igualdade e Reconciliação, publicou um desenho representando uma primeira página de jornal intitulada “Chutzpah Hebdo”, com a cara de Charlie Chaplin diante da estrela de David em que ele pergunta: “Holocausto, cadê você?”, em referência a uma controversa capa do semanário satírico francês “Charlie Hebdo”, após os ataques em Bruxelas, “Papai, cadê você?”.

Por esta publicação julgada negacionista, Soral foi definitivamente condenado a €10.000 (R$ 43,9 mil, na cotação atual) de multa no dia 26 de março, com a possibilidade de prisão em caso de falta de pagamento.

Em novembro de 2017, Soral publicou nesse mesmo site as conclusões de seu advogado Damien Viguier nesse caso. No texto, Viguier fala sobre um sapato e uma peruca representados no desenho condenado.

“Sapatos e cabelos referem-se aos lugares de memória organizados como locais de peregrinação. Há pilhas desses objetos, para atingir a imaginação”, escreveu o advogado. “O corte de cabelo é praticado em todos os lugares de concentração e é explicado pela higiene”, escreveu ele novamente, citando em seguida o negador do Holocausto Robert Faurisson.

No que diz respeito a dois outros detalhes do desenho, “sabão e abajur”, o advogado alegou que os sabonetes feitos de gordura humana pelos nazistas ou os abajures em pele humana eram apenas “propaganda de guerra”.

A Liga Internacional Contra o Racismo e o Antissemitismo e a União de Estudantes Judeus na França haviam relatado essas observações ao promotor.

De O Globo