Trump faz terceiro ataque a congressistas negros em três semanas

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Foto: SAUL LOEB / AFP / GETTY IMAGES

O presidente Donald Trump atacou o reverendo Al Sharpton nesta segunda-feira (29), chamando-o de “trapaceiro” e de alguém que “Odeia Brancos e Policiais”, horas antes da entrevistas coletiva que Sharpton concedeu em Baltimore para comentar sobre os tuites de Trump no final de semana com críticas sobre a cidade e sobre um deputado federal negro.

Sharpton, que já foi candidato à indicação presidencial pelo Partido Democrata e apresenta um programa de entrevistas no canal MSNBC, falou em Baltimore na companhia de Michael Steele, que foi presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano e vice-governador de Maryland.

“Conheço Al há 25 anos”, tuitou Trump pela manhã. O presidente afirmou que os dois “sempre se deram bem” e iam a lutas de boxe juntos.

“Ele costumava me pedir favores”, disse Trump. “Al é um trapaceiro, um encrenqueiro, sempre procurando tirar vantagem. Fazendo o seu negócio. Deve ter intimidado a Comcast/NBC. Odeia Brancos e Policiais!”

Sharpton condenou Trump pelo ataque, que chamou de “intolerante e racista”.

“Ele pode falar o que quiser. Sim, pode me chamar de encrenqueiro. Eu crio problemas para intolerantes”, disse.

A entrevista coletiva de Sharpton foi realizada dois dias depois que Trump criticou Baltimore como “bagunça infestada de roedores” onde “nenhum ser humano desejaria viver”, e atacou o deputado Elijah Cummings, democrata de Maryland, cujo distrito eleitoral abarca parte da cidade. Cummings é presidente do Comitê de Fiscalização da Câmara, que vem realizando uma série de audiências que criticam as práticas do governo Trump.

Sharpton respondeu via Twitter na manhã de segunda-feira, postando uma foto de Trump participando em 2006 de uma conferência organizada pela National Action Network, a organização de Sharpton. A foto inclui também o cantor James Brown e o líder dos direitos civis Jesse Jackson.

“Trump na NAN Convention 2006, dizendo a James Brown e Jesse Jackson por que ele respeita meu trabalho. Mudou de música agora”, escreveu Sharpton.

Trump logo rebateu via Twitter, afirmando que Sharpton “sempre pedia” que ele fosse aos seus eventos, “como favor pessoal”.

“Era raro, mas às vezes eu ia. E tudo corria bem”, disse Trump.

O presidente também retomou seu ataque a Baltimore e Cummings na segunda-feira, afirmando falsamente em um tuite que a cidade de mais de 600 mil moradores tem as piores “estatísticas de crime da nação”.

Baltimore na verdade é a terceira cidade mais perigosa do Estados Unidos, atrás de Detroit e de St. Louis, de acordo com o relatório sobre o crime em 2017 do FBI.

Trump escreveu: “25 anos de só conversa e nenhuma ação! Cansado de ouvir a mesma Mentira…. A seguir, o Reverendo Al aparece para se queixar e protestar. Nada será feito pelas pessoas que precisam. Triste!”

Steele também se pronunciou sobre Trump no final de semana, questionando em um tuite “quanto mais das lamúrias, tuites, intimidações & racismo de Trump estamos dispostos a aguentar”.

Os ataques de Trump a Cummings surgiram duas semanas depois que ele começou a criticar um grupo de quatro deputadas federais liberais e membros de minorias, conhecidas no Congresso como “The Squad”.

No primeiro de seu tuítes contras as deputadas, todas em primeiro mandato, ele disse que elas deveriam “voltar” aos “lugares totalmente quebrados e infestados de crimes de onde vieram” —declarações que lhe valeram uma reprimenda da Câmara.

Apenas uma das quatro deputadas —Ilhan Omar, democrata de Minnesota, uma refugiada somali que se tornou cidadã dos Estados Unidos em 2000— nasceu fora do Estados Unidos. As demais —as deputadas Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova York; Ayanna Pressley, de Massachusetts; e Rashida Tlaib, de Michigan, nasceram nos Estados Unidos.

Em novo tuite na segunda-feira, Trump voltou a mencionar as quatro legisladoras. “Se os democratas vão defender o ‘Squad’ da Esquerda Radical e a Baltimore Fracassada do Rei Elijah, a estrada para 2020 será longa”, ele disse.

Os assessores de Trump concluíram que a mensagem geral que esses ataques transmitem é boa para o presidente em sua base política, e ecoa com força entre os eleitores brancos de classe trabalhadora de que ele necessita para conquistar a reeleição em 2020.

Da FSP