Surpresa: não vai ter peru e nem trabalho no natal
Questionado sobre quando haverá uma retomada robusta do mercado de trabalho, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, disse nesta quinta-feira que “infelizmente, não será neste Natal”. “Mas medidas estão sendo tomadas para que a partir do ano que vem o país volte à prosperidade”, afirmou, durante evento do BTG Pactual, em São Paulo.
O secretário disse que o Brasil “está voltando, passo a passo” e citou uma “revolução silenciosa”, promovida por mudanças em normas regulamentadoras de saúde e trabalho, e a liberação do saque do FGTS, o que representa a ampliação do direito de escolha do trabalhador. “As pessoas dizem que R$ 500 é pouco. Mas estamos afetando 96 milhões de trabalhadores”, disse.
Os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro deverão movimentar o maior volume de recursos dos saques imediatos do FGTS, segundo documento exibido à imprensa pelo secretário. Os saques no valor de até R$ 500 por conta ativa ou inativa devem somar R$ 39,9 bilhões e atingir 46,3% da população ou 96,5 milhões de pessoas, conforme o documento.
Desse montante, R$ 15,6 bilhões devem ir para 28,4 milhões de trabalhadores paulistas. Outros R$ 3,5 bilhões para 10,2 milhões de mineiros e igual montante para 9 milhões de pessoas no Rio de Janeiro. Paraná e Rio Grande do Sul devem movimentar valores acima de R$ 2 bilhões e Bahia, Goiás, Pernambuco e Santa Catarina, acima de R$ 1 bilhão.
Sachsida divulgou a abertura por Estados porque diz acreditar que, olhando apenas os números totais, as pessoas não estão entendendo a magnitude do que a medida pode significar para cada região. “Esse dinheiro é 0,7% no PIB paulista. No Nordeste, é 0,5% ou 0,6%, dependendo do Estado. Pode parecer pouco à primeira vista, mas quando você soma esse efeito, tem no agregado um impulso de consumo muito grande para várias regiões brasileiras”, disse o secretário. Segundo Sachsida, 30% da população do Nordeste deve ser impactada pela distribuição do FGTS. “Em algumas regiões, esse valor significa o fato de a família ter ou não uma cesta básica a mais”, disse.
Para o secretário, a medida ainda tem impacto positivo na produtividade. “Agora, como pode sacar todo ano um pouquinho do dinheiro, o incentivo para o trabalhador continuar na empresa aumentou, o incentivo para o patrão investir mais em qualificação aumentou. Mais produtividade é mais emprego, mais renda e mais comida na boca das famílias”, afirmou.
Questionado se acreditava que os trabalhadores deixavam seus empregos para ter direito a sacar valores do fundo, Sachsida disse que “algumas vezes acontece isso”. “Não porque ele queira. Imagina que 30% das pessoas endividadas devem menos de R$ 500. Você está sofrendo por R$ 200, pagando 10% ou 15% ao mês, em um ano essa dívida bate R$ 1.000. Ora, do outro lado você tem um dinheiro grande que é do trabalhador. Estamos dando a chance de o trabalhador ter acesso a esse dinheiro sem sair da empresa.”
Crédito barato Com as mudanças de acesso ao FGTS, na visão do secretário, o Brasil tem a chance pela primeira vez de levar crédito barato para toda a população. Segundo ele, haverá uma revolução no mercado de consignados, a partir dos saques de aniversário.
“Aqueles que acham que o FGTS seria melhor usado para capitalização querem decidir pelo trabalhador. Quem melhor sabe o que fazer com seu dinheiro é o trabalhador”, afirmou. A preocupação do governo, ele diz, é “corrigir a má alocação de recursos”. Quem optar pelos saques anuais na data de aniversário não terá direito a acessar o fundo em caso de demissão. Para Sachsida, isso incentiva a permanência do trabalhador nas empresas.
No saque-aniversário anual, o trabalhador de baixa renda terá acesso a crédito consignado. “É dinheiro líquido e certo. É a melhor garantia que existe. O potencial de mercado é de R$ 100 bilhões em três ou quatro anos”, afirmou. Ele defendeu também que os bancos poderão reunir esses créditos, empacotar e securitizar. Além disso, afirmou que a área de microeconomia do governo está “trabalhado com garantias, debêntures e para facilitar instrumentos financeiros”.
Sobre a chamada “MP da Liberdade Econômica”, que propõe mudanças para reduzir a burocracia aos pequenos negócios e corre o risco de caducar, Sachsida disse ter convicção de que será aprovada a tempo. “Temos que confiar na equipe que está trabalhando”, disse.
De Valor