O alter ego de um blogueiro
Todo blogueiro tem seu alterego, seu outro eu, sua, digamos assim, “identidade secreta”, assim como o Superman ou o Batman. Todavia, por trás de cada um, há um homem – ou uma mulher –, com seus problemas, contradições e fraquezas.
Conversava por telefone com uma leitora e companheira do Movimento dos Sem Mídia sobre esse assunto. Acho que há espaço para tudo. Posso ser o blogueiro– que, muitas vezes, parece estar acima das vicissitudes da vida –, em uma parte do tempo, e posso, também, dedicar-me à família e ao trabalho. Contanto que faça uma coisa de cada vez.
Nesta quinta-feira, por exemplo, o blogueiro deve ceder espaço ao homem, ao pai de família, àquele cidadão como qualquer outro que tem que ganhar o próprio sustento, até para ter tempo para se dedicar ao seu alter ego digital.
E ainda sobra uma raspa de tempo para ser ativista político, como faço ao dirigir o Movimento dos Sem Mídia, que tem, para encarar, o seguinte:
1 – Representação no Ministério Público contra Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado, Editora Abril, Jornal Correio Brasiliense, revista IstoÉ e outros veículos que promoveram alarma social durante janeiro de 2008 no âmbito de uma epidemia imaginária de febre amarela.
2 – Representação na Procuradoria Geral Eleitoral contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi por possível crime de falsificação de pesquisa por parte de algum deles.
3 – Preparação de manifesto ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação publicitária), a ser assinado e endossado pelos leitores deste blog, contra discriminação racial na publicidade e, sobretudo, na televisão.
4 – Preparação de representação ao Ministério Público Eleitoral por prática de campanha eleitoral antecipada em prol de alguns políticos e contra outros, que estaria ocorrendo por parte de meios de comunicação que ou são concessões públicas ou recebem fartas verbas públicas.
Ufa!
É um fardo, encarar esse rojão todo? Negativo. É uma necessidade. Temos que fazer. Eu, vocês, todos. Temos que ter tempo para o homem comum e para o cidadão, que, necessariamente, não são os mesmos em um país como o nosso.
O homem comum tem que pensar em pagar as contas, cuidar da família etc., e o cidadão tem que fazer blogs, engajar-se em causas de interesse coletivo, pensar no país e na sociedade em que se insere. Com o hábito, descobre-se que os dois, homem e cidadão, são o mesmo.
Preciso desta quinta-feira para ser homem. Só poderei lhes oferecer esta reflexão e uma liberação intermitente de comentários, durante o penúltimo dia útil da semana. Mas já na sexta visto o uniforme de superblogueiro e volto ao embate cidadão.
Até lá.