A laranjada do UOL

denúncia

Em janeiro deste ano, a Divisão de Capitais Internacionais do Banco Central do Brasil dava conta do ingresso de US$ 130 milhões no país egressos da WARUNG INVS.LTD, das Ilhas Caimã, a crédito do bilionário João Alves de Queiróz Filho, que, ao fim do ano passado, adquiriu da Portugal Telecom, por 350 milhões de reais (cerca de US$ 206 milhões, ao câmbio da época), um quarto das ações do portal de internet UOL.

Até o ano passado, a estrutura acionária do UOL era composta pela Folhapar (54,87%), Portugal Telecom SGPS (21,95%), Portugal Telecom Brasil (6,83%), banco Fator(6,82%), outros acionistas (9,13%) e ações em tesouraria (0,41%). Agora, a Folhapar detém 58,64% do negócio, Queiróz ficou com 25% (menos que os 28,78% da PT), o banco Fator minguou para 5,55%, outros acionistas 10,4% e as ações em tesouraria ficaram nos mesmos 0,41%.

A Portugal Telecom, interessada em investir pesado no mercado de internet do Brasil por conta do tão combatido Plano Nacional de Banda Larga, foi obrigada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que fiscaliza a formação de monopólios ou cartéis no país)a vender sua participação no UOL para poder comprar participação no grupo de telefonia OI, controlador do portal IG.

João Alves de Queiróz Filho, mais conhecido como “Junior da Arisco” por ser filho do fundador do grupo dedicado ao setor alimentício, começou com a lã de aço Assolan e hoje acumula Monange, Paixão, Risqué, Benegrip, Apracur, Doril, Lisador, Engov, Gelol, Zero-Cal, Bozzano, Jontex, Olla, Niasi e Cenoura & Bronze. Agora, pulando da água para o vinho, providencialmente vem suprir as necessidades da Portugal Telecom e da família Frias.

Não se entende o súbito interesse do “Junior da Arisco” pelo setor de telecomunicações. Afinal, o bilionário beneficiário de contas em paraísos fiscais sempre se dedicou a setores diametralmente distintos. Contudo, as “más línguas” andam dizendo que a bebida mais consumida hoje no topo do complexo do Grupo Folha instalado na alameda Barão de Limeira, em São Paulo, é um tipo de laranjada de preparação  luso-brasileira.