Uso político da PM faz crimes com morte dispararem em SP

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Você já se acostumou a ler ou ouvir na grande imprensa que estaria ocorrendo uma diminuição na criminalidade em São Paulo. E também já está se acostumando a ações espetaculosas da Polícia Militar paulista que utilizam efetivos com milhares de homens, helicópteros, veículos blindados etc.

As imagens da tropa de choque high tech da PM, com suas indumentárias que lembram as de astronautas, parecendo que enfrentará monstros espaciais, vêm infestando as mídias. Essas imagens e o noticiário dando conta de “redução de homicídios” no Estado buscam induzir os mais crédulos a pensarem que uma coisa e a outra têm relação.

Quem prestar atenção nos fatos e se der ao trabalho de se informar corretamente, porém, descobrirá que a relação entre as ações hollywoodianas da PM e os índices de criminalidade é inversa ao que dizem a imprensa e o governo paulista.

A sensação de insegurança nas ruas de São Paulo (capital e Estado) é crescente. Nem os simpatizantes do regime de ultradireita que governa o Estado mais rico da Federação têm coragem de sair despreocupadamente à rua. No entanto, a propaganda diz que há mais segurança.

Análise dos dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e das constantes ações espetaculosas da PM permite entender por que a insegurança aumenta em São Paulo. Ocupada em ações contra inimigos políticos do governo do Estado, a polícia desguarneceu as ruas.

No último domingo, por exemplo, um efetivo da PM invadiu novamente a Universidade de São Paulo. De novo, expressivo aparato policial foi usado para reprimir críticos do governo do Estado. É só para ações desse tipo que a força de repressão comandada pelo PSDB tem servido.

Repressão a manifestações de movimentos sociais, operações de reintegração de posse contra famílias pobres e opressão do movimento estudantil vêm despendendo fortunas dos nossos impostos com repressão aos inimigos políticos do PSDB e da grande mídia.

Se tais recursos fossem usados contra bandidos de verdade, a situação de insegurança em São Paulo não estaria se agravando tanto, como mostram as estatísticas que governo e mídia escondem.

É revoltante a manipulação das estatísticas pelo governo de São Paulo, mas a da mídia é pior porque aceita uma farsa facilmente detectável. A imprensa diz que os homicídios estão caindo, mas esconde que não estão caindo porque estão ocorrendo em menor número e, sim, porque o índice desse tipo de crime foi desidratado.

É o que diz a presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), Marilda Pinheiro, sobre os dados da Secretaria de Segurança Pública que indicam queda nos homicídios.

A SSP-SP anuncia queda de homicídios em 2011, em comparação com o ano anterior, mas o fato é que quando a criminalidade em São Paulo começou a fugir ao controle a metodologia empregada foi alterada pelo governo do Estado e passou a registrar latrocínio (roubo seguido de morte) como “crime contra o patrimônio”.

Explico: o bandido salta na sua frente em uma das milhões de ruas de São Paulo em que a polícia não aparece porque está ocupada batendo em estudantes e expulsando pobres de suas casas, aponta uma arma e sugere que você escolha entre a sua bolsa (ou carteira) e a própria vida. Você, valentão, decide bancar o super-herói, reage e leva uma bala na testa.

Isso que descrevi foi homicídio ou crime contra o patrimônio? Antigamente, em São Paulo, homicídio era quando uma pessoa matava com intenção deliberada – como no caso fictício acima – ou por ter assumido o risco de causar a morte da vítima. Então, um espertalhão chamado Geraldo Alckmin passou a descaracterizar esse tipo de crime.

Mas se você, leitor, souber procurar, a própria Secretaria de Segurança Pública de São Paulo revela que, ao contrário do que diz a imprensa, a criminalidade está cada vez pior no Estado. Os homicídios que dizem que diminuíram, repito, na verdade mudaram de endereço e estão inscritos nas estatísticas oficiais como “crimes contra o patrimônio”.

Veja o que diz “nota explicativa” no site da SSP-SP:

Os roubos seguidos de morte subiram 20,9% [em 2011], com 53 casos a mais que no ano anterior [2010]. Foram registrados 306 roubos seguidos de morte em 2011, e 253 em 2010.

Os homicídios que ameaçam os paulistas por decorrerem de criminalidade e não de confrontos passionais entre cidadãos que não são bandidos, portanto, estão aumentando. Os homicídios que SSP-SP chama pelo nome resultam de brigas entre vizinhos, entre parentes e de brigas de trânsito, entre outros.

A bandidagem, portanto, ameaça cada vez mais os paulistas, mata cada vez mais os paulistas e estes, enganados por imprensa e governo, acreditam que estão mais seguros.

O problema de Segurança em São Paulo – bem como todos os outros – tem origem no uso político da PM pelo governo do Estado, que usa a tropa para impedir que opositores saiam às ruas para denunciar um governo feito por ricos e para ricos, enquanto a população pobre vai sendo massacrada pelo crime e até pelo Estado.

A mais nova ação espetacular da PM, que ocorreu (de novo) na USP no último domingo, é outro capítulo dessa novela em que a Polícia oprime pobres, movimentos sociais e estudantes para não ter que enfrentar bandidos, pois estes reagem quando são atacados – e, geralmente, reagem à bala.