O celular invisível da quadrilha de Carlinhos Cachoeira
Após a divulgação na internet da íntegra do inquérito da Operação Monte Carlo, leitores menos familiarizados com o caso indagaram a ausência dos diálogos entre o senador Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira em um processo fundamentado quase que exclusivamente em grampos dos telefones que o bicheiro goiano habilitou nos Estados Unidos.
Há que explicar que o inquérito não citou as escutas que capturou entre o senador e o bicheiro porque o primeiro, por ter imunidade parlamentar, não pôde ser incluído na peça que foi ao judiciário, daí a ausência dos diálogos que constam nas investigações da Polícia Federal.
Nas verdade, nesse inquérito figuram mais telefones do que os 15 citados pelas matérias na imprensa e na internet como tendo sido adquiridos por Cachoeira nos Estados Unidos e entregues à sua quadrilha, que, agora se sabe, inclui o senador pelo DEM de Goiás. Isso ocorre porque, talvez pela certeza de impunidade, até telefones convencionais foram usados pela quadrilha para delinquir.
Outro fato que não foi devidamente explicado e que fonte ouvida pelo blog explicou em contato feito nesta sexta-feira é o de que não teriam sido só 15 telefones Nextel que o bicheiro adquiriu nos Estados Unidos, mas, pelo menos, 18. Destes, três teriam sido adquiridos antes dos outros 15 – um foi entregue ao irmão e outro à ex-mulher do bicheiro. O terceiro era do próprio.
Como costuma ocorrer com pacotes de celulares comprados de operadoras de telefonia, esses telefones têm números seqüenciais. Abaixo, os números dos telefones usados pela quadrilha e que figuram no inquérito que este blog reproduziu no post anterior.
1 – 316010027445095
2 – 316010027445264
3 – 316010027445292
4 – 316010027445309
5 – 316010027446892
6 – 316010027446986
7 – 316010027448599
8 – 316010027449244
9 – 316010027449754
10 – 316010027450123
11 – 316010027450381
12 – 316010027450738
13 – 316010027451241
14 – 316010027451562
15 – 316010027452005
16 – 316010027459804
O primeiro número (316010027445095) era usado por Cachoeira, outros dois pela sua ex-mulher e por seu irmão. Faltam, portanto, dois telefones. Um deles, que não figura no processo, era usado pelo senador Demóstenes Torres. Resta um celular perdido, invisível. Alguém arrisca um palpite sobre a quem foi entregue?