Ministro acusado na Folha de ser “preguiçoso” ri da acusação
Encontrei um Brizola Neto animado no 11º andar do prédio do Ministério do Trabalho na rua Martins Fontes número 109, no centro de São Paulo, por volta das 16 horas da última segunda-feira (30). Não vi maior diferença do signatário do blog Tijolaço com quem conversei pela última vez no encontro de blogueiros de Brasília, em julho de 2011, há cerca de 1 ano.
Fui convocado às pressas para a entrevista que Brizola deu a blogueiros para alegadamente “retomar o contato” com um setor da comunicação de massa que nem a classe política nem a mídia ignoram ao lhe devotarem amor e ódio em proporções similares. Por sorte, estava indo ao centro cortar o cabelo e o barbeiro fica a quatro quadras do local da entrevista.
Brizola falou sobre as dificuldades que encontrou em um Ministério que ficou meses sob administração interina após a saída turbulenta do ex-ministro Carlos Lupi, seu correligionário no PDT. Falou sobre economia, sobre planos e atuações presentes de sua pasta, mas tudo isso você poderá ler na edição da entrevista feita pelo Luiz Carlos Azenha em seu Viomundo.
A propósito, participaram daquela entrevista, além do entrevistado, o próprio Azenha, eu, o Altamiro Borges, o Wagner Nabuco (Caros Amigos), o Igor Felippe (MST), o Paulo Salvador (Rede Brasil Atual) e o ex-co-editor do Tijolaço, Fernando Brito.
Quero reportar, pois, a parte política da entrevista. Brizola não se estendeu sobre ataque que recebeu, no mesmo dia, na Folha de São Paulo, que publicou artigo do historiador ligado ao PSDB Marco Antonio Villa que acusa o ministro do Trabalho de ser “preguiçoso” por “não aparecer para trabalhar”.
Villa pegou a agenda oficial do ministro e, com base nela, concluiu que os seus horários internos de trabalho que ali não estavam inscritos comprovavam que ele se dedica ao ócio. O texto é impressionante porque chega a perguntar se a presidente Dilma Roussef – cujo estilo de administrar todos conhecem – sabe que seu ministro não trabalha.
Sorridente, Brizola explicou que só registra oficialmente a sua agenda externa e que é uma piada achar que justo Dilma, que a mídia sempre retrata como uma administradora inflexível e exigente com os seus auxiliares, aceitaria um ministro que, segundo o articulista da Folha, nos últimos meses quase não apareceu para trabalhar.
Apesar de animado, achei Brizola meio baleado. E apressado, pois tinha que voltar a Brasília no fim da tarde porque a chefe exige resultados, o que, segundo afirma, obriga-o a “jornadas de 14 a 15 horas por dia”, o que me parece uma versão bem mais verossímil do que a de Villa, que praticou uma picuinha idiota, sim, mas que, se ninguém disser nada, pode virar carimbo.
A intenção da Folha, na opinião deste blogueiro “sujo e nazista”, foi exatamente essa: publicou uma imbecilidade tão grande que acredita que o ministro ou a sua pasta nem se darão ao trabalho de contestar, o que deixaria em Brizola o carimbo de “preguiçoso”.
Pergunta: alguém acredita que outras matérias virão em outros jornais batendo na mesma tecla?
Disse ao ministro Brizola – a quem todos os entrevistadores trataram por senhor e antepondo seu posto ao seu nome do começo ao fim do encontro – que estava estranhando a demora para ele começar a apanhar da mídia, isso por ter sido (?) um “blogueiro sujo”. Mas, pensando bem, não demorou, não.
Acredito que o interregno entre a posse do ministro e o ataque de segunda-feira na Folha foi apenas concessão de um tempo “decente” para começarem a atacá-lo. Para não dar na vista, entendem? E vou mais longe: tenho quase certeza de que a mídia não descansará até tirar Brizola do cargo.
A razão disso está na resposta do ministro a cobrança, em tom de brincadeira, que lhe fizeram aqueles que o entrevistaram, de que Dilma ainda não deu entrevista alguma a blogueiros. Com um ar matreiro e novo sorriso nos lábios, Brizola nos lembrou de que a presidente, em vez de dar entrevista a blogueiros, nomeou um deles como ministro.