O fracasso subiu à cabeça dos barões da mídia
O julgamento do mensalão assanhou (muito) os barões da mídia. Desde então, os homens e mulheres desprovidos de consciência profissional que a “nobreza” midiática recrutou para estuprarem cotidianamente os fatos em prol de seus interesses políticos passaram a decretar que agora, finalmente, o PT e Lula perderiam o apoio eleitoral da sociedade.
A imagem é pueril, mas cai como uma luva para o caso em questão. Lembro de personagens dos quadrinhos que me embalaram a infância: quem não leu as aventuras da “Turma da Mônica”, de Maurício de Souza? Quem não se lembra dos “planos infalíveis” do “Cebolinha” para “derrotar” a personagem inspirada na filha desse autor?
Pois é, o último “plano infalível” do Partido da Imprensa Golpista, à exemplo dos de “Cebolinha”, mais uma vez fracassou miseravelmente. É isso, pelo menos, o que mostram as eleições municipais de 2012.
Pense comigo, leitor: você acha que algum brasileiro, seja de que parte do país for, conseguiu escapar do tsunami “noticioso” sobre o julgamento do mensalão? Que mais a grande mídia poderia ter feito para criminalizar o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula?
Desde o início de agosto que a mídia vem se valendo das frases de efeito proferidas sob encomenda por juízes do Supremo, frases que atribuíram “ao PT” as acusações que pesam contra alguns membros do partido, acusações que até já lhes valeram condenações.
Até histórias em quadrinhos para crianças foram feitas sobre o tema julgamento do mensalão, num esforço jamais visto para enlamear um partido e um líder político. Programas humorísticos, novelas, telejornais, jornais, revistas semanais, portais de internet, blogs, sites… Não há como se esconder do noticiário sobre o julgamento.
Ao mesmo tempo, Lula foi tratado como réu no processo. Muitos devem ter ouvido de pessoas mal informadas sobre política que o ex-presidente também estava sendo julgado. O tom do noticiário leva quem não se informa corretamente a essa conclusão.
Retornaram com força total os emails falsos sobre o patrimônio de Lula, com fotos de fazendas, mansões, iates, aviões e o que mais se possa imaginar que ele teria. Há até boatos sobre Lula ser dono de uma ilha (!).
A quase totalidade dos brasileiros já teve contato com acusações e difamações como essas. Em qualquer parte do país que tenha uma televisão ou uma rádio que sintonize a Globo – e a Globo é a única emissora de rádio e tevê que alcança cada rincão do país – a população local viu ou ouviu o PT e Lula sendo acusados.
Se esse descomunal aparato difamante contasse com um mínimo de credibilidade, o PT deveria ter sido varrido eleitoralmente. Antes do primeiro turno já havia uma condenação informal do partido por “corrupção”, “peculato”, “formação de quadrilha”, “lavagem de dinheiro”, ao menos.
Nem é preciso que termine o segundo turno para concluir que a parcela do eleitorado que vota no PT e apóia Lula não acredita que o partido inteiro e o ex-presidente foram condenados de alguma forma pelo Supremo Tribunal Federal. Aliás, dado o crescimento do eleitorado do PT em 2012, pode-se dizer que mais gente passou a confiar no partido.
Apesar da arrogância da mídia, das colunas e editoriais triunfantes, essa gente, pelo menos até o momento, não tem o que comemorar. E, aliás, corre o risco de terminar outubro tendo, isso sim, motivos de sobra para lamentar.
Ainda que seja prematuro dizer, até aqui está para acontecer uma das maiores vitórias do PT no século XXI: a metrópole em que o partido vinha tendo desempenho persistentemente fraco desde meados da década passada pode fazer com que ele saia muito mais forte das eleições municipais de 2012 do que saiu das de 2008.
É ridículo atribuir esse quadro a desconhecimento dos brasileiros sobre o julgamento do mensalão. É escandalosamente óbvio que uma parcela imensa da sociedade brasileira não acredita na mídia. Até porque, a tentativa de desmoralizar Lula e o PT não começou com o julgamento do mensalão – é um processo que começou em 1989.
O máximo que se pode conceder a essa máquina de propaganda política disfarçada de imprensa é ter conseguido impedir que a oposição demo-tucana se desintegrasse de vez na eleição deste ano. Dessa maneira, toda essa campanha bilionária de desmoralização conseguiu, apenas, reduzir a redução da direita no país.
A euforia dos barões da mídia e de seus teleguiados, portanto, está sendo superfaturada. Até porque, o julgamento do mensalão terminará em poucos dias e não há, no horizonte, mais nenhum factóide dessa dimensão para usar contra o PT. Os barões da mídia jogaram a sua bomba atômica e ela, ao final, revelou-se um traque.