Haddad revela a blogueiros que grupo de mídia declarou guerra ao IPTU progressivo

entrevista, Reportagem

Na última segunda-feira (16), o prefeito Fernando Haddad deu uma longa entrevista na sede da  prefeitura a um grupo de blogueiros. Entrevistaram-no Maria Inês Nassif (Carta Maior), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Renato Rovai (Revista Fórum), Eduardo Maretti (Rede Brasil Atual) e também, com muita honra por estar lá, este que escreve.

Durante cerca de 90 minutos, o prefeito de São Paulo respondeu com desassombro, serenidade e humildade a uma saraivada de questões. Ouviu críticas, inclusive. E chegou a reconhecer que procediam as que recebeu sobre falhas na comunicação de seu governo.

A entrevista foi transmitida ao vivo por streaming pelo site da Revista Fórum, pelo site Conversa Afiada e pela Rede Brasil Atual.

Este blogueiro, porém, não conseguiu transmitir a entrevista nesta página devido ao fato de que toda sua equipe – ou seja, ele e mais ele mesmo – estava consigo, o código de incorporação do vídeo da entrevista só foi entregue aos blogueiros envolvidos pouco depois de chegarem à sala de imprensa da Secom, na prefeitura, e, portanto, não havia quem o colocasse aqui e publicasse o post.

O site Conversa Afiada, o da Revista Fórum e o portal R7, porém, fizeram ótimas matérias e que completaram umas às outras sobre quase tudo que foi discutido na entrevista. Para ler tais matérias, clique no link no nome de cada site, neste parágrafo.

Apesar da boa cobertura que – por falta de divulgação da gravação da entrevista pela Secom – os sites acima citados tiveram que reproduzir a partir das suas anotações, como acontece com toda visão plural sobre o mesmo assunto um site deixou de relatar coisas que outro relatou. Em comum, porém, os três deixaram de lado uma revelação espantosa feita por Haddad.

A preocupação principal deste blogueiro foi levar ao prefeito queixas que tem recebido de seus leitores nesta página e nas redes sociais quanto à política de comunicação do governo da capital paulista. Queixas com as quais concorda, diga-se.

Abaixo, reproduzo a íntegra da principal pergunta que este blogueiro fez ao prefeito de São Paulo e que gerou uma resposta surpreendente de parte dele, a qual, mais adiante, será relatada.

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Pergunta de Eduardo Guimarães ao prefeito Fernando Haddad

Prefeito Haddad,

Obrigado por nos receber.

Antes de perguntar, quero testemunhar que é a segunda vez neste ano que o entrevisto. Ainda assim, prefeito, há quase consenso contra suas políticas de comunicação. Diante da questão política, pois, questões administrativas, que são importantíssimas, ficam prejudicadas.

Mas minha pergunta não é exclusivamente sobre comunicação.  É, mais do que tudo, sobre política.

Dizem que em um momento em que o senhor deveria estar fazendo política inclusive nos fins de semana – devido à queda da aprovação ao seu governo nas pesquisas –, o senhor reservou esses dias para a família. Dizem que o senhor não gosta de política.

Dizem também que o senhor privilegia a grande mídia e que não dá maior importância às mídias ditas alternativas. Devido à grande mídia, porém, seu governo se tornou responsável pela corrupção no governo de seus antecessores Gilberto Kassab e José Serra.

Não bastando tudo isso, novamente um governo paulistano do PT está sendo acusado de criar ou aumentar taxas e impostos. E essa medida é adotada estando a popularidade desse governo fortemente abalada.

Seu governo paga até hoje o preço dos protestos de junho, ligados ao transporte, enquanto que o governo Geraldo Alckmin, apesar dos escândalos que enfrenta envolvendo o mesmo transporte público, vem recuperando aprovação.

O vereador Antonio Donato é um dos autores da investigação sobre a máfia do ISS, mas foi defenestrado de seu governo “a pedido”. Essa demissão, porém, soou aos paulistanos como uma confissão de culpa. Dizem que se ele não tivesse culpa teria ficado no cargo.

O senhor diz que não se arrepende de nenhuma dessas medidas ou posturas, mas dizem que elas estão arrasando a imagem de seu governo. Contudo, o senhor soa despreocupado com o aspecto político, que é o que o impede, por exemplo, de aumentar o IPTU.

Minha pergunta, portanto, é a seguinte: sabendo que cargos executivos na administração pública são cargos políticos, não está na hora de o senhor começar a fazer mais política, prefeito?

[…]

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Haddad não só reconheceu que têm havido falhas na comunicação de sua administração, mas também revelou outros problemas que essas falhas vêm gerando.

Relatou, por exemplo, que incontáveis políticas públicas em andamento não são divulgadas porque a mídia não se interessa por reproduzi-las. Relatou, inclusive, que por falha de comunicação da prefeitura há quem pense, por exemplo, que seu governo é o responsável pelo metrô paulistano…

Mas não ficou por aí. Quando o assunto resvalou no aumento do IPTU, ou melhor, na nova política de progressividade do IPTU e que ora se encontra sub judice por conta de ação impetrada pela Fiesp, Haddad fez uma revelação estarrecedora.

Segundo o prefeito de São Paulo, tão logo viu o noticiário da grande mídia sobre sua proposta para o IPTU procurou um dos maiores grupos de comunicação do país para “esclarecê-lo” sobre o fato de que não havia propriamente um aumento do imposto, mas uma política de baixá-lo nas áreas mais pobres da cidade e elevá-lo nas mais ricas.

Detalhe: explicou, didaticamente, que muito mais paulistanos passariam a pagar menos IPTU e que os aumentos atingiriam a uma parcela bem menor dos munícipes.

Haddad revela que se surpreendeu ao ouvir desse interlocutor – que, supõe-se, seja da direção desse grande grupo de comunicação – a enormidade de que todas as suas plataformas de mídia – jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet – tinham ordem de combater sem tréguas essa política pública. O prefeito ouviu, pois, uma virtual declaração de guerra à sua política para o IPTU.

Apesar de a entrevista ter sido meio caótica devido ao fato de que os blogueiros presentes tinham visões diferentes sobre os assuntos levantados, nas visão deste que escreve foi excelente. Quem a assistiu pôde ver um Haddad sereno e consciente de que algo precisa mudar em sua administração. Nem que seja, apenas, sua política de comunicação.

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PS: O prefeito Fernando Haddad não quis revelar o nome do tal “grande grupo de comunicação” que praticamente o ameaçou. Fica, pois, para sua imaginação, leitor, adivinhar que grupo seria esse…