Organizadores de feira em que Dilma foi vaiada descumpriram acordo com Planalto
A Feicom Batimat é uma feira voltada para o setor da construção civil que ocorre anualmente há 21 anos no pavilhão de exposições do Anhembi, em São Paulo. O pavilhão é administrado pela Reed Exhibitions Alcantara Machado.
Essa empresa é resultado de uma joint venture firmada entre a maior promotora de feiras do mundo, a Reed Exhibitions, presente no Brasil desde 1997, e a maior promotora de feiras da América Latina, a Alcantara Machado Feiras de Negócios, fundada em 1956 e que teve entre seus primeiros eventos a Feira da Mecânica, em 1959, e o Salão do Automóvel, em 1960.
Foi com esses organizadores da 21ª edição da Feicom Batimat que o Palácio do Planalto negociou a presença da presidente Dilma Rousseff na abertura daquele evento na última terça-feira (10).
O Blog tratou de se informar com o governo sobre a razão pela qual a equipe da Presidência da República responsável pela participação da presidente no evento a expôs ao grupo de algumas poucas dezenas de pessoas das áreas de vendas e administração das empresas expositoras e até ao público visitante que, estranhamente, foram admitidos no recinto.
Este blogueiro, por conta de suas atividades comerciais, paralelas à atividade nesta página, participa de feiras no Anhembi há cerca de 30 anos. Todas elas são abertas por altas autoridades, como o governador de São Paulo ou o presidente da República. Desde sempre, o pavilhão de exposições é aberto aos que trabalham nos estandes das feiras e ao público visitador só após os discursos das autoridades para os empresários expositores. No entanto, por alguma razão o local por onde a presidente da República passaria para chegar ao auditório em que discursaria estava aberto aos funcionários das empresas expositoras e ao público.
Trocando em miúdos: aquelas pessoas que vaiaram a presidente da República não deveriam estar lá. Não só porque é praxe que funcionários dos expositores e público só possam ter acesso ao pavilhão após a abertura do evento por autoridades, mas porque houve negociação do Palácio do Planalto com os organizadores da Feira e ficou acertado que o pavilhão estaria vazio quando a presidente chegasse.
O acordo foi descumprido, mas esse descumprimento não parece ter sido acidental. Além de os portões terem sido abertos prematuramente ao público, as pessoas que chegavam não podiam ultrapassar um cordão de isolamento da área por onde a presidente passaria ao chegar, o que não estava previsto na negociação com o Planalto.
Deixaram as pessoas entrar e as mantiveram por cerca de duas horas em pé atrás do tal cordão de isolamento, o que causou muita irritação. Antes de Dilma chegar, havia uma reclamação geral dos funcionários e do público visitante que já vinha chegando.
Não que as pessoas que vaiaram Dilma gostem dela, mas, provavelmente, não teriam ficado tão irritadas ao ponto de vaiá-la se não tivessem sido confinadas por horas poucos passos depois dos portões de entrada pelo tal cordão de isolamento – na verdade, grades de contenção.
O mais grave, porém, foi o descumprimento pelos organizadores da Feira do acordo firmado com o Palácio do Planalto. Até a tarde da última quinta-feira, não havia sido explicado ao governo por que deixaram as pessoas entrar no pavilhão e as deixaram presas atrás do cordão de isolamento.
Em resumo: o governo considera que a presidente da República foi vítima de uma armadilha preparada para que a vaia ocorresse diante de toda a imprensa.