Após eu, Boulos e Altman, vão querer prender você por sua opinião
Nos últimos sete dias, com a mansidão silenciosa das serpentes, a ditadura midiático-judiciária tratou de pôr em campo a próxima fase do solapamento das liberdades individuais e da própria democracia.
No início deste mês, ao se referirem a divulgação por este Blog de que a Lava Jato havia vazado para a “imprensa simpatizante” sua 24a fase, autoridades da Operação fizeram ameaças veladas a este blogueiro por ter feito meramente jornalismo. Foi só o começo.
Nos últimos dias, um ativista político e outro blogueiro também foram ameaçados pela Lava Jato e pela sua “imprensa simpatizante”, como as autoridades dessa Operação chamam os órgãos de imprensa que atuam em consonância consigo.
No dia 26 de março, o jornal O Estado de São Paulo pediu nada mais, nada menos do que a PRISÃO do ativista político Guilherme Boulos, líder do MTST, por ter opinado que haverá uma convulsão social no país caso Dilma Rousseff seja derrubada por crime de responsabilidade – sem que esse crime tenha sido provado – e seu sucessor natural, o vice-presidente Michel Temer, assuma a Presidência e passe a cortar direitos sociais adquiridos ao longo dos governos do PT. O jornal fala em “democracia” ao pregar que Boulos seja preso por sua opinião.
Sobre o Estadão, nada a estranhar. Foi em sua “democrática” redação que o golpe de 1964 foi tramado. Ali, reuniram-se golpistas civis e militares, entre os quais os donos dos jornais O Estado de São Paulo, O Globo e Folha de São Paulo. Em 2 de abril daquele ano que até hoje não terminou, o Estadão o considerou o golpe recém-desfechado como “vitorioso movimento democrático”, com os tanques na rua para cassar o voto popular e com os direitos civis sendo cassados.
Boulos respondeu muito bem, pouco depois, em sua coluna na Folha de São Paulo. Vale a pena ler sua resposta.
Muito mais grave que a ameaça do consórcio mídia/Lava Jato, porém, é a arbitrariedade da Operação contra um jornalista sob uma desculpa qualquer. Breno Altman é o editor do site Opera Mundi e foi alvo de novas “condução coercitiva” e operação de “busca e apreensão”.
A condução do jornalista “sob vara” foi, de novo, absolutamente desnecessária. Como diz o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello, não há justificativa para levar alguém à força para depor sem que essa pessoa tenha se recusado a ir depor espontaneamente.
O relato de Altman mostra que, no mínimo, foi alvo de um showzinho da Lava Jato para se contrapor aos atos contudentes de repúdio ao golpe que ocorreram no dia anterior por todo o Brasil e nos países mais importantes do mundo.
A Lava Jato precisava produzir alguma coisa.
Então é assim: após as arbitrariedades contra políticos acusados sem provas, a agressão à opinião de comunicadores começou comigo no início de março (vide link no alto da página), passou por Boulos e agora chega a Altman.
Todos os que fomos ameaçados, até agora, estamos pagando por nossas opiniões. A questão seguinte, portanto, é mais do que óbvia, é gritante: quanto tempo irá demorar até que a ditadura midiático-judiciária comece a implicar com a opinião de qualquer um?
Com a sua, por exemplo…