Delegados anti Lula afastados da Lava Jato por suspeita de vazamento (?)

Reportagem

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Precisamente às 20 horas e 57 minutos do último sábado (2/7), apresentadora interina do Jornal Nacional leu no teleprompter, em 28 segundos, uma nota lacônica que deu conta aos Homers Simpsons dos quatro cantos do país que dois delegados da Polícia Federal que atuam na Operação Lava Jato foram afastados daquela investigação.

Assista à estranha forma de divulgação da notícia pelo telejornal em questão.

 

Para quem possa não ter conseguido assistir ao vídeo, segue, abaixo, a transcrição da nota lida no JN:

Dois delegados da Polícia Federal que cuidam de inquéritos ligados ao ex-presidente Lula vão deixar a Operação Lava Jato.

Eduardo Mauat vai voltar para a unidade de origem dele, no Rio Grande do Sul.

E Luciano Flores, que interrogou Lula quando o ex-presidente foi levado para depor, vai trabalhar na coordenação da Olimpíada.

Os dois policiais já entregaram todas as investigações que estavam fazendo na Lava Jato. Os substitutos ainda não foram anunciados.

O laconismo da nota chama atenção. Ficou evidente que o JN tentou afirmar alguma coisa sem dizê-lo.

Ao citar que os delegados afastados investigavam o ex-presidente Lula e que um deles foi responsável pela condução coercitiva do ex-presidente (considerada ilegal pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello), o telejornal insinuou que esses delegados teriam sido afastados em benefício de alguma tentativa de acobertamento de Lula.

É óbvio que não subsistem razões para desconfiar de alguma ação política contra os delegados em questão, até porque o time de policiais federais da Lava Jato assumidamente antipetistas é bem maior, conforme se pode constatar na foto no alto da página.

Além dos dois delegados afastados, a foto da “força-tarefa” da PF (alto da página) que atua na Lava Jato traz à frente, em destaque, o delegado Igor Romário De Paula, que se notabilizou por, segundo o jornal Estado de São Paulo, ter feito campanha eleitoral para Aécio Neves no Facebook em 2014, razão pela qual De Paula tentou, recentemente, conseguir que a Justiça obrigasse o Google e o Facebook a apagarem o que ele mesmo disse publicamente. Vale dizer que a Justiça negou seu pedido.

Em 2015, foi proferida sentença em primeira instância em que a juíza Cecília de Carvalho Contrera não só nega o pedido do delegado como também mostra espanto em relação ao que ele pedia. Segundo ela, “O autor [do pedido de censura] exerce função pública e, como tal, está especialmente sujeito a críticas em relação a sua atuação e da instituição da qual faz parte. Surpreendente a dificuldade demonstrada em conviver com críticas e opiniões distintas.”

Assim sendo, se o afastamento dos delegados Flores e Mauat se devesse ao antipetismo que infecta todos os membros da Polícia Federal e do Ministério Público que atuam na Lava Jato, Romário de Paula deveria ter sido o primeiro a ser afastado, o que não ocorreu.

Claro que os dois delegados afastados padecem do mesmo antipetismo que o chefe (De Paula). O delegado Eduardo Mauat, por exemplo, é habitué da militância antipetista na internet. Em agosto do ano passado, por exemplo, ele publicou no Facebook comentário de apoio a manifestações contra Dilma Roussef.

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Já o delegado Luciano Flores foi quem comandou a execrável 24ª fase da Operação Lava Jato, que sequestrou o ex-presidente Lula e o levou para depor “coercitivamente” sem que estivessem presentes as razões para tal ato de arbítrio, conforme bem ponderou o ministro do STF Marco Aurélio Mello.

Um dos muitos questionamentos feitos ao delegado em questão diz respeito ao fato de mais de 200 agentes terem sido mobilizados na operação contra Lula, número considerado exagerado até por membros da PF e do Ministério Público.

A opção pela condução coercitiva de Lula também sofreu forte influência de Flores. Porém, o que mais chamou atenção na 24ª fase da Lava Jato, dita “Operação Aletheia”, foram os vazamentos. Conforme este blog descobriu e divulgou no fim de fevereiro, membros da Lava Jato vazaram para toda a grande imprensa informações do ataque a Lula.

De forma absolutamente incrível, as organizações Globo chegaram a tentar envolver este Blog insinuando que teria responsabilidade em relação a vazamento da 24ª fase da Lava Jato, obrigando o autor desta página a contratar assessoria jurídica, haja vista que declarações do delegado Igor Romário de Paula sobre “um blog” que teria “vazado” a Operação Aletheia sugeriram a hipótese de tentarem responsabilizar o Blog da Cidadania pelo que certamente só poderia ter sido feito por algum – ou alguns – dos autores da operação policial em tela.

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Por tudo que já foi explicado, o afastamento dos dois delegados antipetistas das investigações da Lava Jato pode ter razão muito diferente. Não haveria sentido em afastarem só dois dos vários antipetistas que atuam nas forças-tarefa da PF e do MP na operação em tela. Ambas estão repletas de petefóbicos.

Em março, o jornal O Globo anunciou abertura de uma investigação que pode estar por trás do recente afastamento desses delegados.

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A investigação foi oficialmente aberta, mas, ao que parece, houve apuração e o resultado não foi bem o que os setores politizados da PF e do MP esperavam.

Em 26 de março, nova reportagem de O Globo deu conta de que os autores da investigação haviam mudado de foco. Se no início de março o delegado antipetista Igor Romário de Paula insinuou que este Blog estaria por trás dos vazamentos, no fim daquele mês sua convicção havia mudado: impunha-se a constatação óbvia de que o vazamento fora feito “por alguém de dentro”.

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Resta saber, agora, por que se deu o afastamento dos delegados que o Jornal Nacional noticiou de forma tão curiosa. Se o JN considera estranho o afastamento de uma parcela pequena dos antipetistas da Lava Jato, este blogueiro considera que mandarem-nos ir cuidar da Olimpíada de 2016 está longe de ser “punição à altura” ou “cortar na carne”.