Para ajudar Temer, PM e Datafolha não apuram tamanho do protesto em SP

Análise

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A principal diferença do mega protesto contra Temer que aconteceu ontem em São Paulo para os protestos de esquerda ou de direita que vêm ocorrendo na avenida Paulista nos últimos anos é a ausência de divulgação do público que lá esteve.

Desde 15 de março do ano passado a Polícia Militar e o instituto Datafolha promoveram uma guerra de público entre os protestos pró e anti Dilma. No último domingo, porém, tudo mudou. Não só a PM não divulgou estimativa de público como o Datafolha nem deu as caras no protesto.

Mas as omissões na estimativa de público – adotadas pela PM e pela Folha com o óbvio intuito de não complicar a vida de Temer após ele ter qualificado como “mínimos” e “feitos por 40 pessoas” os protestos contra si –, infelizmente, não se resumiram ao tamanho da manifestação de domingo.

Em 4 de setembro de 2016 o golpe tomou outro rumo. Além da censura nas tevês, jornais e portais de internet ligados aos impérios de mídia, que fizeram malabarismos incontáveis para esconder o tamanho incrível da manifestação – que tomou parte da avenida Paulista, parte da avenida Rebouças e parte da avenida Faria Lima –, o ataque gratuito da PM aos manifestantes coloca a situação política do país em outro patamar.

Antes de prosseguir, assista a vídeos que mostram a situação explosiva que a ditadura Temer está construindo no país. Os ataques sem razão aos manifestantes escancaram o caráter ditatorial do grupo político que usurpou o poder no Brasil.

Eu e meu grupo já deixávamos a manifestação quando as bombas começaram a cair. Felizmente, já estávamos longe.

PM ataca sem razão cidadãos que estavam dentro de estabelecimentos comerciais

Senador Lindbergh Farias, o professor Roberto Amaral (77 anos) e o deputado Paulo Teixeira foram atacados pela PM

A grande diferença dessa manifestação para as anteriores, portanto, não é só o tamanho – jamais a esquerda tinha conseguido manifestação tão grande e absolutamente espontânea desde o início da crise política –, mas clara tentativa da PM de anular direitos garantidos pelo artigo 5º da Constituição Federal, o direito de reunião e manifestação.

O primeiro passo, pois, está sendo tomado pelo Senador Lindbergh. Hoje, será divulgado à imprensa denúncia que será feita à Organização dos Estados Americanos contra o regime temerário. Confira convocação de coletiva convocada para esta segunda-feira.

DEPUTADO PAULO TEIXEIRA E SENADOR LINDBERGH FARIAS CONVOCAM PARA COLETIVA SOBRE REPRESSÃO À MANIFESTAÇÃO DESTE DOMINGO

Alvejados com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo disparadas pela Polícia Militar no Largo da Batata, os parlamentares do PT falarão à imprensa no auditório do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo nesta segunda-feira às 12h.

O Sindicato fica na Rua Rego Freitas, 530, República.

Os manifestantes já haviam encerrado seu percurso quando policiais militares passaram a lançar bombas sobre a multidão. “É uma vergonha essa Polícia Militar. Nós vamos denunciar o governador Geraldo Alckmin à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA”, disse o senador Lindbergh.

“O ato foi extremamente pacífico, mas eles querem acabar com essa cena como que para dar um recado para as pessoas não virem; e elas virão cada vez mais para esses atos. A polícia está despreparada para sua função e para sua missão”, afirmou o deputado Paulo Teixeira. Aos 76 anos, o professor Roberto Amaral, ex-presidente nacional do PSB, foi atingido por estilhaços. “É uma provocação estúpida, desumana, covarde, fascista”, disse Amaral.

A denúncia a organismos internacionais é vital, já que as instituições estão controladas pelos golpistas. Ainda assim, não se pode deixar de considerar medidas junto ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria Geral da República, já que há suspeita contra o Judiciário Paulista, aparelhado pelo PSDB.

Outro passo importantíssimo é a melhor organização das manifestações, com a formação de grupos para identificar e expulsar infiltrados que possam quebrar alguma janela, dando desculpas à PM para atacar, mutilar e eventualmente matar manifestantes, como já começa a acontecer.

Não nos enganemos: golpes geram ditaduras, e o golpe parlamentar recém-desfechado já gerou a sua. Precisamos nos organizar de acordo. É preciso montar equipes para registrar os abusos das forças de repressão de forma a embasar a denunciação do regime aos organismos internacionais.

Após o que aconteceu no último domingo em São Paulo, não há mais dúvidas. Resta agora combatermos em todas as frentes. Além das atuações nas instâncias supracitadas, é preciso, também, disputar eleitoralmente com os golpistas. Nesse aspecto, a eleição municipal na capital paulista reveste-se de grande importância.

Eis por que sou candidato a vereador de São Paulo. Apesar de saber que é muito difícil alguém se eleger pela primeira vez, sem praticamente dinheiro nenhum e sem nem ser suficientemente conhecido, candidatar-me é outro serviço que presto à sociedade, pois estou ajudando a barrar a ascensão do fascismo na maior metrópole brasileira, onde a luta pela democracia é mais renhida.

Diante disso, concluo a matéria aludindo a essa questão. No domingo, durante os protestos, o presidente da CUT, Wagner Freitas, e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também manifestaram apoio à minha candidatura. Confira os vídeos.