Queda de apoio a Moro prejudica filme suspeito sobre Lava Jato
A pré-estreia do filme que endeusa a operação Lava Jato ocupou oito salas de cinema de um shopping em Curitiba na noite da última segunda-feira (28) de modo a acomodar cerca de dois mil convidados que foram assistir dramatização suspeita por chegar cercada por segredos, a começar pelos nomes dos financiadores.
Moro e os delegados da PF que fizeram campanha para Aécio Neves em 2014 estavam na plateia e foram aplaudidos por uma claque levada ao cinema para esse fim – convidados foram escolhidos a dedo.
O filme chega em um mau momento para a Lava Jato, que se confunde com Sergio Moro no imaginário popular.
Segundo mostra pesquisa Ipsos divulgada há dois dias, a rejeição ao desempenho de Sérgio Moro avançou nove pontos percentuais, indo de 28% para 37% entre os meses de julho e agosto. O indicador de favorabilidade ao juiz também recuou nove pontos percentuais, de 64% para 55%.
O levantamento ainda revela que a rejeição ao juiz cresceu nas regiões Nordeste (de 34% para 55%) e Norte (de 21% para 40%) no último mês. Além disso, pela primeira vez na série histórica, a desaprovação é maior do que a aprovação – se forem analisados apenas os entrevistados das classes D e E do País – sendo 39% de aprovação contra 47% de desaprovação.
Os que questionam essa pesquisa são os que comemoravam quando ela mostrava Moro com estratosféricos 64% de aprovação, no início do ano. De lá para cá, sua aprovação vem caindo na mesma medida que sobe a aprovação a Lula.
Como se não bastasse a desaprovação a Moro estar disparando, ele acaba de se ver envolvido em um escândalo – foi delatado por um alvo da Lava Jato e deu o mesmo tipo de declaração que seus alvos dão ao serem acusados.
Tudo isso deve contribuir para que o filme feito para endeusar a Lava Jato termine não justificando o seu custo altíssimo para os padrões brasileiros – 16 milhões de reais, o que aumenta o grau de suspeita em relação ao empreendimento.
O filme é uma peça política voltada para desmoralizar Lula e o PT, mas, a julgar pelos números das pesquisas – que mostram Moro (e, consequentemente, a Lava Jato) perdendo aprovação enquanto o ex-presidente se fortalece –, não vai funcionar.
A dinâmica política em curso torna incerto o desempenho do filme. A disparada da rejeição a Moro entre as classes populares vai tornando o culto ao juiz e sua operação voltada contra o PT e Lula em uma masturbação ideológica das classes A e B.
A população mais humilde, ou seja, a grande maioria da população brasileira está cada vez mais associando Moro e a Lava Jato às desgraças que se abateram sobre o país durante o processo de sabotagem da economia que visou tirar Dilma Rousseff do poder.
E tudo conspira para que esse processo se acelere. O empobrecimento dos brasileiros por conta da reforma trabalhista e dos cortes de gastos em programas sociais, em saúde, educação e tudo mais que interessa ao povo vão tratar de colocar ricos de um lado e pobres de outro.
Foi o que aconteceu em 2006, quando a elite golpista também pensava que destruiria Lula e retomaria o controle do país para impedir a queda da desigualdade, da pobreza e da miséria. O Brasil elegeu Lula de baixo para cima.
A pesquisa supracitada revela que a dor está ensinando os brasileiros a entender o que aconteceu neste país em quase três anos. O entendimento disso é primordial para o fortalecimento da esquerda na eleição do ano que vem.
A esquerda voltará ao poder no Brasil elegendo o presidente e uma bancada parlamentar no Congresso que jamais conseguiu eleger desde o advento da República. E todo mal que a direita nazisfascista está causando ao país será desfeito. Quem viver, verá.