MBL fará ato contra Lula em Porto Alegre e já avisa: “Será pequeno”
MBL e Vem Pra Rua farão atos em Porto Alegre moldados para afrontar e provocar os apoiadores do ex-presidente Lula. Sem maiores noções de história, de realidade e de ridículo, dizem que a condenação em segunda instância do ex-presidente seria a “libertação do Brasil”. Mas não têm lá muitas ilusões quanto a representatividade desse ato. Confira a reportagem
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Taís Seibt, ESPECIAL PAR AO ESTADO, O Estado de S.Paulo
19 Janeiro 2018 | 05h00
PORTO ALEGRE – O julgamento do recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá (SP) pelo Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF4), em Porto Alegre, na próxima quarta-feira, 24, mobiliza movimentos pró e contra Lula na capital gaúcha. As manifestações tomarão corpo a partir desta segunda-feira, 22, e as forças de segurança se articulam para planejar sua atuação.
As manifestações mais numerosas prometem ser as de movimentos sociais e partidos de esquerda que apóiam o ex-presidente. Entre os participantes da Frente Brasil Popular, ligada à CUT, que lidera a organização dos atos pró-Lula, o clima é de Fórum Social Mundial – movimento esquerdista que se destacou em Porto Alegre no início dos anos 2000.
Na segunda e na terça-feira, 23, serão realizadas diversas plenárias, contando com nomes de expressão nacional, como a presidente cassada Dilma Rousseff e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que participarão do painel “Mulheres pela Democracia”, e dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Roberto Requião (PMDB-PR), convidados para a “Ação Global Anti-Davos”. Ambos os eventos serão realizados na terça-feira, no auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa.
“Será uma marcha pacífica e organizada em defesa da democracia e contra a condenação sem provas do ex-presidente Lula. Queremos mostrar que aqui se pratica a democracia e denunciar a gravidade do que está acontecendo na Justiça, que insiste em condenar sem provas”, diz Claudir Nespolo, umas das lideranças da Frente Brasil Popular, que reúne 78 organizações.
Para garantir que a manifestação seja pacífica, Nespolo informa que os organizadores designaram cerca de 2 mil orientadores, que circularão entre os manifestantes para tentar evitar qualquer tipo de confronto com grupos favoráveis à condenação de Lula ou com as forças de segurança, bem como impedir atos de vandalismo contra o patrimônio público ou privado.
Os movimentos de esquerda também planejam montar um acampamento em local ainda por ser definido junto aos órgãos de segurança e realizar uma vigília o mais próximo possível do TRF-4 no dia do julgamento.
Já os movimentos favoráveis à condenação de Lula têm optado por manifestações mais discretas. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua espalharam pela cidade cerca de 30 outdoors pedindo “Lula na cadeia”. Na véspera do julgamento, um ato está sendo convocado para o Parque Moinhos de Vento, o Parcão, espaço usual de protestos em apoio à Lava Jato em Porto Alegre. O evento no Facebook, marcado para às 18 horas do dia 23, tinha menos de 100 confirmações até esta quinta-feira, 18.
“Vai ser um evento pequeno, já que consideramos e avaliamos que um evento grande poderia implicar questões de segurança. Será um ato de apoio ao TRF4 e à Justiça, para que continuem fazendo o seu trabalho e que não se tolere ameaças ou intimidações”, afirma Iria Cabreira, uma das coordenadoras do Vem Pra Rua no Rio Grande do Sul.
O MBL convoca para outra manifestação no dia do julgamento, também no Parcão. Chamado de “CarnaLula”, o evento é anunciado pelo movimento como “um verdadeiro pré-carnaval” em “comemoração pelo início da libertação do Brasil”. Segundo a divulgação, “a condenação de Lula marcará uma nova era em que a população construirá um país mais livre, digno e próspero”. O ato está marcado para as 18 horas do dia 24.
Órgãos de segurança têm realizado diversas reuniões de trabalho nos últimos dias para planejar a atuação até o julgamento. Movimentos sociais, representantes dos magistrados e também a imprensa foram chamados para coordenar procedimentos.
O acesso ao entorno do TRF-4 será restrito a pessoas previamente cadastradas no site do Tribunal, ônibus passarão por revistas das polícias rodoviárias federal e estadual para verificar a presença de objetos que possam ser usados como armas. A Polícia Federal atuará na segurança dos magistrados enquanto a Brigada Militar fará a proteção de prédios públicos, além de monitorar possíveis conflitos nas manifestações.