Folha não chama de “pedalada” a “pedalada” de Temer

denúncia, Destaque, Reportagem, Todos os posts

Os grandes grupos de mídia dizem fazer “jornalismo profissional” e “isento” e acusam veículos de menor porte de produzirem “fake news” e serem “partidarizados”, mas, na prática, esses impérios de comunicação (erigidos com recursos públicos durante a ditadura militar) são os grandes produtores de  notícias falsas.

Além disso, funcionam como pistoleiros de  políticos.

Tudo isso pode  ser resumido na “fake news” contra Lula divulgada recentemente pelo Estadão e pela Veja, quando, sem checar informação nenhuma, os veículos repercutiram notícia falsa de que ele inventara evento da FAO na Etiópia para o qual viajaria após ser julgado pelo TRF4. A intenção era “alertar” autoridades” sobre pseudo fuga do ex-presidente

Pouco depois, o site Poder 360 denunciou que a notícia espalhada por Veja e Estadão era falsa.

Em seguida, a FAO divulga foto oficial da Conferência sobre a fome na África que a mídia brasileira tinha dito que era “invenção de Lula”.

Isso é jornalismo profissional? Uma ova! Isso é notícia falsa mesclada com partidarismo político CONTRA Lula, que já dura quase 30 anos.

E é no partidarismo político que a mídia autoproclamada “profissional” mais se perde, como na matéria que deu manchete principal de primeira página para a Folha de São Paulo na quarta-feira 14 de fevereiro de 2018.

— folha primeira página

“Governo usa dinheiro do BNDES para cobrir dívida e despesas”, diz a manchete da Folha. É de estarrecer. A matéria afirma, já no primeiro parágrafo, que “O governo está tomando dinheiro emprestado para honrar despesas do dia a dia, como folha de pagamento de servidores civis e militares, além de benefícios da Previdência Social”.

Essas palavras lhe soam familiares? O governo pegou empréstimo em um banco público para pagar despesas do dia a dia e programas sociais. Onde você já viu isso?

Que tal no impeachment de Dilma Rousseff? Qual foi a acusação que levou à queda de  Dilma se não, justamente, o governo pegar empréstimo em banco público (Caixa) para pagar gastos do governo, sobretudo no social?

A Folha se refere a uma “regra” de ouro que o governo teria infringido. Fez até um gráfico.

Diz a matéria que a prática adotada por Temer desde que assumiu o cargo em 2016 é vedada pela chamada “regra de ouro, norma que proíbe o governo de se endividar para pagar despesas de custeio”.

É nauseante. A Folha mudou os nomes das coisas para evitar que as pessoas se deem conta de que Temer está fazendo, em escala muito maior, aquilo de que acusaram Dilma Rousseff de fazer e que, alegadamente por isso, a derrubaram.

Pegar empréstimo em banco oficial para pagar despesas de custeio não passa da boa e velha “pedalada fiscal” repaginada, com um banho de loja, as lojas Hipocrisia. Mas o mais grave é o papo sobre a “regra de ouro”.

Que p… de regra de ouro é essa? Trata-se, nada mais, nada menos do que da lei usada para derrubar Dilma, a LRF, ou Lei de Responsabilidade fiscal.

A Regra de ouro passou a valer de fato após a promulgação, em maio d e  2000, da Lei Complementar 101, assinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardo, dita “Lei de Responsabilidade Fiscal”..

A LRF-Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu limites e introduziu regras a respeito das operações de crédito, dentre elas a regra de ouro no artigo 12, § 2º.: “o montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária

A regra de ouro só não está sendo formalmente descumprida porque, desde 2016, o governo federal tem coberto a diferença entre a tomada de empréstimos e as despesas correntes com recursos recebidos do BNDES — foram R$ 100 bilhões em 2016 (após o golpe), R$ 50 bilhões em 2017 e mais R$ 130 bilhões previstos para este ano.

Mas se a Folha publicasse uma manchete dizendo que Temer está praticando pedalada fiscal e infringindo a lei de responsabilidade fiscal, na prática estaria obrigando todos os agentes políticos e públicos que acusaram Dilma a acusarem Temer e a exigirem o impeachment dele por “pedaladas fiscais”.

Mas todos sabemos que as “pedaladas” foram só uma desculpa de Temer, Jucá, Moreira, Serra, Aécio, Alckmin, Globo, Folha, Veja, Estadão etc. para jogar 54 milhões de votos no lixo e venderem nossos pescoços às corporações, não é mesmo?