Dinheiro recuperado da corrupção no Rio será usado na Intervenção Militar

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Juiz Marcelo Bretas, responsável pela 1ª instância da Lava Jato na Justiça Federal do Rio

Marcelo Bretas, o juiz do auxilio-moradia “duplex” – ele e a esposa, também juíza, recebem 5 mil reais por mês da viúva cada um para morarem sob o mesmo teto -, está em conversações com o interventor federal no Rio, o general Braga Netto, para usar o dinheiro recuperado pela Lava Jato da corrupção no Rio para que seja gasto com a intervenção militar na cidade.

Por ora, os recursos que o interventor têm em mãos é o orçamento para a segurança do Estado do Rio que, no ano passado, teve 89% destinado à rubrica “pessoal e encargos sociais” (vencimentos de servidores ativos, inativos e pensionistas), enquanto 9% foram para o custeio e menos de 1% para investimentos.

Ainda não há anúncio oficial sobre injeção de verbas federais na intervenção. Policiais trabalham com armamento obsoleto e faltam equipamentos, como coletes e munição. A falta de estrutura atinge em cheio a tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. A meta dos interventores é recompor o efetivo e recuperar a infraestrutura, como viaturas e armamento.

Para discutir a possível ajuda, Braga Netto se reúne nesta quinta-feira (8) a portas fechadas com o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, responsável pela Lava Jato na primeira instância. Eles devem discutir de que forma a Lava Jato pode auxiliar na intervenção da segurança no Rio. Segundo o GIF (Gabinete de Intervenção Federal), a ideia de Braga Netto é ouvir do juiz quais as possibilidades de auxílio da Lava Jato na intervenção em termos de recursos.

A Justiça Federal do Rio teria cerca de R$ 100 milhões acautelados, provenientes do que foi recuperado do esquema de corrupção de Cabral, cuja soma das penas ultrapassa cem anos de prisão.São previstos, também, leilões de bens apreendidos (caso do ex-governador e de sua mulher, Adriana Ancelmo).

Caso Braga Netto tenha sucesso em obter recursos, não será a primeira vez que o Estado do Rio recebe recursos da Lava Jato. Em março do ano passado, Bretas autorizou que R$ 250 milhões recuperados na investigação fossem destinados ao pagamento do 13º salário de 2016 a cerca de 146 mil aposentados e pensionistas cujos vencimentos eram de até R$ 3.200. No mês passado, foram anunciados outros R$ 15 milhões recuperados pela operação para reformas em dez escolas públicas do Estado.

Como se vê, o custo de manter drogas ilegais é mil vezes maior do que legalizá-las e criar um sistema de saúde pública voltado para a desintoxicação. Com a vantagem de que tal medida levaria os traficantes à falência.