Caminhoneiros usam mote de junho de 2013 para justificar greve

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Caminhoneiros têm usado o mote de junho de 2013 no sentido de que o desconforto causado pelo movimento irá “mudar o país”

Não teve acordo ou ameaça de prisão que convencesse caminhoneiros na rodovia Régis Bittencourt a desistir do protesto neste domingo (27).

Em um ponto da estrada na altura do Rodoanel, eles prometiam passar quantas noites fossem necessárias. Até quando? “Até esse país entrar no rumo”, disse um manifestante que não quis se identificar.

Poucos motoristas revelaram sua identidade à reportagem: “Apareço aí hoje e amanhã a Polícia Federal está na minha casa”, afirmou um.

Em faixas penduradas nos dois lados da rodovia e em caixas de som não faltaram pedidos de intervenção militar. Alguns dizem que só sairiam dali quando o presidente Michel Temer renunciar.

A manifestação, que chegou ao sétimo dia, ganha apoios difusos, assim como as pautas que vão se somando nos acostamentos. Motoristas de vans fizeram carreata, sindicato da Polícia Federal soltou nota de apoio e petroleiros ameaçam parar. O ator Alexandre Frota esteve na Régis.

As reivindicações dos caminhoneiros misturam uma euforia sobre “mudar o país” e “tirar os corruptos do poder”.

“Você só vai para a escola depois que o Brasil ficar bom”, disse Adriana (não quis informar seu sobrenome) para a filha pré-adolescente no acostamento da Régis. Ao lado de manifestantes com bandeiras do Brasil, ela afirmou que, com as doações da população da região, será possível ficar no protesto por muitos dias.

De medidas mais concretas, os caminhoneiros pedem a redução do preço do combustível, um preço mínimo na tabela do valor dos fretes e a isenção no pagamento de pedágio de eixos suspensos.

“Quando saímos carregados, usamos cinco eixos. Mas, vazios, voltamos com três. Não tem lógica pagar por pneus que não desgastam a pista”, diz Geraldo Rodrigues, 51, caminhoneiro desde os 18.

Atendidas as três reivindicações, eles dizem que liberam a estrada. Mas não basta um acordo verbal.

“O governador [Márcio França] disse que ia isentar o eixo suspenso, mas não foi publicado no Diário Oficial”, disse Márcio de Faria, 46, apontado pelos colegas como um dos porta-vozes da paralisação.

Além de autônomos, caminhoneiros assalariados também estavam no local. Muitos disseram que suas empresas apoiam a paralisação. “Não corro o risco de perder meu emprego”, afirmou um caminhoneiro de uma transportadora de Santa Catarina.

Em um grupo, funcionários de uma empresa paulista afirmaram que se alternavam em turnos, de 48 horas, para manter a paralisação. “A empresa depositou um dinheiro nas nossas contas para ajudar”, disse um deles.

A reportagem ouviu de mais de um caminhoneiro que as empresas prometeram aumento salarial caso o valor do diesel abaixe.

Com informações da Folha