Governo argentino de direita fracassa e terror cambial volta
O governo de direita de Maurício Macri trouxe de volta o terror cambial que precedeu a chegada do casal Kirschner no governo da Argentina no início dos anos 2000. População corre desesperada atrás de dólares temendo novo confisco após mais de uma década, a direita pôs a Argentina de volta no FMI
Os ministros das Finanças (Luis Caputo), da Fazenda (Nicolás Dujovne) e o chefe de gabinete (Marcos Peña) tentaram transmitir um clima de normalidade e de sintonia entre a equipe econômica em encontro com jornalistas estrangeiros, após o pedido de ajuda feito pelo governo argentino junto ao FMI, na semana passada, e num dia em que o dólar seguiu subindo, fechando em 25,51 pesos.
Apesar de Dujovne admitir que o impacto da desvalorização do peso fará com que “a Argentina tenha mais inflação e menos crescimento num curto prazo”, o ambiente geral do encontro foi de colocar panos quentes sobre a notícia.
Peña disse que a decisão resultou de um processo que durou algumas semanas de discussão, em que se chegou à conclusão de que “o contexto geral havia retrocedido um degrau, e portanto o presidente e sua equipe decidiram colocar-se adiante da situação e de buscar uma solução”, acrescentando que buscar o FMI foi também uma forma de “diversificar as opções” de financiamento externo do país.
“Sempre estivemos comprometidos com a verdade, no momento em que Macri falou com Christine Lagarde, informamos imediatamente a população, acrescentando que não há motivos para surpresa porque é uma decisão muito pensada e é preventiva.”
Sobre o imaginário nacional ter uma má lembrança do FMI, porque o associa à crise de 2001, Peña minimizou o problema. “Nós não temos nenhum tipo de preconceito ideológico com relação a isso, e mais, consideramos que é um meio de seguir no caminho de transformação que estamos seguindo.”
Peña insistiu que não houve um imprevisto repentino ou mudança de tom político interno desde os últimos meses, ao contrário, “viemos de uma numa onda de otimismo com os acertos desde o último semestre, fizemos uma boa eleição legislativa, tivemos um fim de ano com os números macroeconômicos próximos aos que tínhamos planejado, ou seja, uma situação infinitamente melhor do que a que tínhamos
no início do governo, em que não tínhamos reservas e lidávamos com cifras altas de pobreza. Ou seja, agora temos mais instrumentos para seguir no caminho que acreditamos ser o melhor para a Argentina.”
Acrescentou que entende certo pânico entre a população correndo atrás de dólares no mercado devido aos “80 anos de fracassos que a Argentina já viveu, mas este não é um momento de crise desesperada, apenas buscamos o FMI como um recurso.”
Caputo insistiu no fato de que o pedido é preventivo porque “a Argentina depende muito de financiamento externo, ir ao FMI é tomar um seguro para prevenir que, se algo de errado ocorrer com os mercados, estaremos preparados.”
Dujovne insistiu que a Argentina “não saiu do caminho do crescimento macroeconômico, tivemos sete trimestres de crescimento, não estamos mudando nossas prioridades de investimento a longo prazo e seguimos no caminho iniciado há dois anos de remover barreiras para as exportações, voltando a crescer depois de anos de estagnação”.
Dujovne ressaltou que “o retorno do crescimento do Brasil ajuda nesse processo.”
E esclareceu que combinou com Lagarde que o trabalho com o FMI agora deve durar por volta de seis semanas, em que serão analisados por parte do FMI os números e o desempenho da Argentina e que, só depois desse período, será especificado o valor da linha de crédito que será concedida ao país.”
Mais cedo, os presidentes Mauricio Macri (Argentina) e Donald Trump (EUA) conversaram por telefone e o norte-americano disse que “apoia fortemente os esforços por transformar a economia argentina”, segundo comunicado divulgado pela Casa Branca. Os dois também teriam conversado sobre a situação na Venezuela.