Mídia troca tática de tripudiar sobre Lula por crítica a “privilégios”
Até há pouquíssimo tempo, a tática da mídia, do Partido do Judiciário e da direita em geral era a de tripudiar sobre Lula mostrando que ele não teria privilégios, tripudiando sobre proibição de visitas e, até, divulgando um banheiro indigno para o ex-presidente, com um buraco no chão em lugar de um vaso sanitário. De repente, tudo mudou.
Agora, a tentativa da mídia é a de inverter o discurso e “denunciar” supostos “privilégios” do ex-presidente no cárcere.
Reportagem de capa da revista Veja desta semana relata “privilégios” como e de o carcereiro bater na porta da cela antes de entrar ou um absurdo toldo para o banho de sol de Lula que serviria para protegê-lo de drones da imprensa antipetista, que nunca resiste a tripudiar sobre o ex-presidente.
Segundo a Veja, os guardas do perímetro de segurança da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba têm ordem para atirar em drones que sobrevoem o prédio. E isso está sendo apresentado como “privilégio” a Lula, quando, na verdade, uma instalação da Polícia Federal não pode permitir que suas instalações sejam monitoradas e expostas, por razões óbvias.
É um embuste matéria de capa da Veja desta semana. Inventaram que Lula recebe injeções de insulina (medicamento para diabetes), apesar de que Lula nunca foi diabético. E, agora, apresentam uma medida de segurança do prédio da PF como um “privilégio” para o ex-presidente.
Apesar de ser asquerosa essa tentativa de colocar a opinião pública contra Lula, o fato é que o abandono da estratégia de tripudiar sobre ele pela estratégia de “denunciar” os tais “privilégios” revela que a primeira estratégia não estava funcionando.
Eis que, pouco antes da reportagem da Veja, a juíza teleguiada por Sergio Moro começou a recuar e a permitir visitas que antes proibia. Explica-se isso pelo fato de que, sabendo da reportagem de Veja que alegaria que conseguiu entrar na “ala restrita” de Lula, o chefe da juíza determinou que ela começasse a conceder “privilégios” que a Constituição garante a qualquer brasileiro com a finalidade de inverter o discurso inicial de deboche da condição de encarcerado do ex-presidente.
Mais uma vez, a tática não vai funcionar. Se a primeira tática, de tripudiar e debochar da falta de privilégios não deu certo porque o mundo começou a ver arbítrio contra Lula, a segunda tática não causará indignação alguma porque todos acharão natural que um ex-presidente da República receba um tratamento condigno. Até porque ainda não foi condenado definitivamente.
Matéria do jornal O Estado de São Paulo deste domingo afirma que Lula pode ser “solto” nesta semana. É possível, mas não é provável.
Porém, é de interesse do Brasil que Lula seja colocado em liberdade e participe do processo eleitoral. Porque o arbítrio contra Lula já começa a gerar propostas de retaliação do Brasil por países desenvolvidos sob acusação de uso do poder de Estado para perseguir o líder da oposição de esquerda.
A mídia subestimou Lula quando tripudiava sobre ele e, agora, subestima Lula por querer inventar “privilégios” a ele que não existem. Nos dois casos, a resposta do eleitorado será a mesma: mais apoio ao ex-presidente diante do arbítrio.