Risco de golpe militar nunca foi tão alto
Ao caminhar pelas ruas do Centro Velho de São Paulo, senti-me em um daqueles filmes sobre um mundo pós-apocalíptico tomado por zumbis vagando sem rumo por cidades destroçadas.
Na rua Barão de Itapetininga, o lixo se acumulava em pilhas ao lado de farrapos humanos estirados em meio aos próprios excrementos, colchões e cobertores fétidos e restos de comida.
Contraditoriamente, três ou quatro garis fingiam, de forma quase patética, varrer uma quantidade tal de lixo que necessitaria de um batalhão para ser recolhida.
As ruas da cidade estão vazias. Não há carros, ônibus e são poucos os pedestres.
A sensação de uma urbe pós-apocalíptica se reforça a cada esquina, a cada passo.
O Brasil naufraga rapidamente. A divisão da sociedade já não se contenta com violência verbal e já desemboca em violência física aqui e ali.
Até armas de fogo entraram na equação.
O primeiro cadáver é questão de tempo. Em seguida, outros virão em velocidade exponencial.
O Judiciário atua de forma a não permitir que a poeira assente. As picuinhas do juiz-vingador Sergio Moro perpetradas pela jovem pupila, que administra a prisão do ex-presidente Lula, incendeiam os ânimos da sociedade rachada ao meio.
O que falta para a situação sair de controle, falta pouco.
O empobrecimento da população é extremamente rápido. As pessoas estão caindo da classe C para as classes D e até para a classe E (miseráveis) em questão de meses.
A criminalidade explode e, em breve, saques começarão a ocorrer e movimentos massivos da população em transe começarão a sair às ruas.
Enquanto isso, os militares se assanham cada vez mais. As declarações e ameaças veladas de “intervenção” prometem enterrar o que resta da democracia.
Um governo totalmente voltado para o topo da pirâmide, sem programas sociais, com aumento da segregação das minorias pode eclodir da caserna…
Tudo que os militares querem é o caos. É a desculpa perfeita para que intervenham e transformem o Brasil em um grande banco de sangue a alimentar os vampiros financeiro-empresariais e corporativos.
O mundo acompanha com apreensão a derrocada social, democrática e econômica, mas evita se meter para não acirrar ânimos.
Por enquanto.
A esquerda já acordou do porre de 2013, mas ainda reluta em se unir como seria necessário. A centro-direita está desmoralizada.
A candidatura Bolsonaro está empacada, mas servirá de fachada para uma pseudo democracia a ser instalada em um cenário pós-golpe militar.
O risco de um golpe militar nunca foi tão alto.
O que fazer? A união da esquerda e da centro-direita, e de todos quantos acreditem que uma ditadura militar seria o maior desastre possível para este país. Enquanto há tempo