Saiba por que o dólar dispara – o problema nunca foi Lula, Dilma, PT…
Há muito tempo que não se ouvia falar em intervenção do Banco Central no Câmbio para tentar conter a disparada do dólar – muito ao contrário: o século XX vinha sendo marcado por intervenções para impedir que a moeda americana caísse.
Os retrocessos que o golpe de 2016 e a prisão ilegal de Lula geraram ao país não se resumem mais ao social, ao direitos trabalhistas, à democracia, às políticas públicas e à democracia; como o Blog da Cidadania previu “um bilhão de vezes”, chegaram à economia.
Você vai ler por aí que o que vem impulsionando o dólar é o “cenário externo”, como se, no Brasil, tudo estivesse às mil maravilhas e o mundo é que tivesse problemas…
Claro que, mundo afora, há um movimento de alta na cotação da moeda americana. Na semana, ante o rublo o dólar avançou 0,77%; ante o peso mexicano+0,76%; ante o peso chileno +0,25%; frente ao rand +1,27%; e frente ao dólar australiano +0,10%…
Sabe quanto subiu no Brasil, leitor? 3,8%!!!
No resto do mundo, o dólar sobe levemente porque nos Estados Unidos o desemprego está muito baixo, os salários estão altos, o povo está gastando e está começando a haver inflação. Desse modo, o governo está subindo os juros para parar o consumo e isso faz com que investir no mercado financeiro americano fique mais atraente.
Ora, se os juros forem mais altos nos EUA, muitos investidores preferem o dinheiro rendendo (menos) lá, mas com segurança, do que rendendo muito aqui (com nossas taxas de juro altíssimas), porém com risco devido a uma crise política e uma eleição imprevisíveis pela frente.
O que está afetando a economia brasileira – e a alta do dólar é um sinal disso – é, simplesmente, o fato de que os candidatos de direita não deslancham. Sobretudo Geraldo Alckmin, o queridinho do mercado financeiro e que era a aposta desse mercado, da mídia e de dez entre dez bilionários para continuar as infames “reformas” de Michel Temer.
Está ficando claro que ninguém se elegerá dizendo que fará reforma da Previdência ou que manterá a reforma trabalhista, que está fazendo empresas de pequeno porte do Brasil inteiro contratarem empregados sem direitos e demitirem-nos sem pagar qualquer direito, já que a tal “reforma” trabalhista tornou inviável fazer reclamações trabalhistas à Justiça.
O povo quer a revogação das “reformas” de Temer. Quem não prometer isso, não se elege. O discurso do ódio e da violência vertido por Bolsonaro pode até seduzir alguns, mas a grande maioria está preocupada com a própria sobrevivência. Não quer armas dentro de casa, quer comida na mesa.
Se alguém se eleger escondendo que proporá uma reforma da Previdência, por exemplo, e depois tentar aplicá-la, vai cair. Como disse o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, há um par de meses, há uma crise democrática no país. Sem Lula, o Brasil poderá eleger um presidente que assumirá rejeitado por SETENTA POR CENTO dos brasileiros.
A crise econômica está só começando. Conforme for ficando claro que o Brasil deverá eleger um governo de esquerda, e que a direita pode até querer ruptura institucional FORMAL para evitar isso, mais o mundo se assustará e isolará o país. E, isolado, o Brasil mergulhará naquela que talvez será a maior crise econômica de sua história.
Talvez seja hora de o PIB nacional começar a ter juízo e pressionar o Poder de facto para que distensione a política formal e a política econômica. Será isso ou o caos.