Privatização entreguista versus Caixa
O servilismo incondicional à agenda neoliberal tem como resultado a defesa da privatização absoluta das empresas públicas, feita por políticos sem qualquer interesse, e mesmo capacidade, de formulação de um projeto que promova desenvolvimento e autonomia para o país.
Apenas nesta semana, nada menos do que três pré-candidatos à presidência demonstraram isso: Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB) e, com direito a uma revelação bombástica, Henrique Meirelles (MDB), ex-ministro da Fazenda do governo golpista de Michel Temer.
Em sabatina realizada pelo Correio Braziliense na última quarta-feira (6), Meirelles, que rivalizou com Temer pelo aparelhamento da Caixa Econômica Federal – batalha que venceu, lotando o Conselho de Administração da instituição com quadros de sua confiança e do mercado financeiro –, adiantou que o banco já está sendo preparado para abrir seu capital a bancos privados.
Uma das estratégias em curso é denunciada por Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa: “Em 2016, a privatização da Lotex entrou em discussão. Naquele ano, as loterias renderam R$ 12,8 bilhões, mas o governo esperava vendê-las por R$ 4 bilhões. Como não houve interessados, baixou a oferta para R$ 450 milhões, de olho nas empresas estrangeiras. Até agora, somente uma multinacional mostrou-se interessada, para a qual o governo, na verdade, vai doar as loterias, em leilão que deve ocorrer em julho.”
Será o fim dos investimentos que a Caixa faz na em cultura, esporte, seguridade social e programas como FIES, destinando cerca de 40% da arrecadação das loterias.
Em entrevista à TVT, ontem, Jair Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (FENAE), rechaçou o projeto de Meirelles lembrando “O papel dos bancos públicos no desenvolvimento do país, com investimentos em infra-estrutura, agricultura habitação e mobilidade urbana”, afirmou.
Povo versus Privatização Entreguista
A alta rejeição popular a esse modelo entreguista de privatização pôde ser comprovada no último dia 28.05, quando foi divulgada pesquisa CUT/Vox Populi que apurou a opinião pública sobre empresas que já foram privatizadas e as que estão ameaçadas de privatização, como a Caixa.
A maioria absoluta (55%) é contra a privatização de empresas públicas, pois avaliam que as privatizações já realizadas beneficiaram apenas os mais ricos.
Para 44% dos entrevistados, nas mãos da iniciativa privada, os preços ficaram mais caros, os salários ficaram mais baixos, o número de empregos diminuiu e a qualidade dos produtos e serviços piorou.
No caso da Caixa, 60% são contra a sua privatização, certos de que, com fechamento de agências, programas sociais irão diminuir, ou mesmo acabar, e o FGTS não mais será usado para financiamento de habitação para famílias de baixa renda.
A Caixa responde por 70% do total de financiamentos da casa própria.