Queda de Parente reformula a eleição presidencial
A política de preços dos combustíveis implantada na gestão do agora demissionário presidente da Petrobras, Pedro Parente, não influi apenas no mercado. A queda de Parente reformula toda a eleição presidencial de 2018. Instala uma nova realidade na política brasileira.
Implantada em outubro de 2016 e revista em julho de 2017, a política de preços dos combustíveis entrou no centro do debate econômico após o início da greve dos caminhoneiros, recebendo críticas tanto da oposição quanto da base do governo.
O comunicado oficial da demissão do presidente da Petrobrás foi curto e lacônico.
“A Petrobras informa que o senhor Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração. Fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado”
Imediatamente após a notícia, papeis da Petrobrás despencaram até 9% em Wall Street.
Apesar dos pesares, para o Brasil é uma ótima notícia. A política de preços de Pedro Parente integra um ideário econômico que está sendo responsável pelo aprofundamento da recessão brasileira e pelo rápido empobrecimento da população.
A Petrobrás passou a impor reajustes descomunais e frequentes aos combustíveis como forma de aumentar a rentabilidade dos acionistas privados e para fazer uma “profissão de fé” nos cânones neoliberais.
Reforma da Previdência, privatizações, fim dos direitos trabalhistas, todas essas medidas se coadunam com a agora falecida política de preços da Petrobrás.
Candidatos a presidente como Geraldo Alckmin e outros de extração neoliberal – incluindo, aí, o próprio Jair Bolsonaro – terão que se posicionar sobre esses e outros temas durante a campanha eleitoral.
Nenhum candidato que não se comprometa com o abandono das medidas neoliberais e com retirada da reforma trabalhista terá chance. Algum desses candidatos poderá mentir, mas mergulhará em uma grave crise de popularidade se o fizer.
Aliás, nesse aspecto vale concordar, ao menos parcialmente, com o colunista da Folha de São Paulo Reinaldo Azevedo. O próximo presidente da República corre o risco de cair também, aprofundando a crise econômica e institucional do país.
Se a extrema-direita ou mesmo a centro-direita vencerem a eleição e insistirem nas políticas públicas genocidas de Michel Temer, o Brasil mergulhará em uma crise ainda pior que a atual, sem prazo para terminar. Uma crise de consequências imprevisíveis.