Temer tem medo que novo governo revogue reformas antipopulares

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Sabedor de que está acabado politicamente, Michel Temer, segundo parlamentares governistas, está com medo de que o próximo presidente, que provavelmente será de esquerda, revogue as duas medidas que o golpista considera “principais legados de seu mandato”: o teto de gastos e a reforma trabalhista.

Temer  já sabe que não conseguirá aprovar, por exemplo, projeto de simplificação tributária. Prometida pelos golpistas aos empresários  há mais de um ano, a iniciativa segue em fase de formulação e não tem expectativa de envio ao Poder Legislativo.

O caminho deve ser o mesmo da reforma previdenciária, que, após não ter respaldo mínimo para ser aprovada, foi deixada de lado diante da intervenção federal no Rio de Janeiro. A sua retomada após a eleição presidencial é considerada pouco provável inclusive por partidos governistas.

Em discurso, o presidente reconheceu que a regulamentação do código de mineração, assinada na terça (12), foi uma espécie de “fecho” das reformas de seu mandato. “Eu quero dizer que é um quase um fecho, digamos assim, das grandes reformas que fizemos”, disse.

A mudança nas regras do setor de saneamento básico também não saiu da fase de análise. Na segunda quinzena de julho, o Congresso Nacional entrará em recesso parlamentar e, com o processo eleitoral, não deve ter quórum para votações até o final de outubro.

Com uma impopularidade de 82%, segundo o Datafolha, o presidente tem enfrentado dificuldades até mesmo em não deixar que medidas provisórias percam a validade. Nos últimos meses, não foram votados, por exemplo, ajuste na reforma trabalhista, privatização das distribuidoras elétricas e aumento na tributação de fundos exclusivos.

A romaria de deputados governistas ao gabinete presidencial, rotineira durante os dois primeiros anos de mandato, não é mais frequente. Em junho, o máximo que o presidente recebeu, durante um mesmo dia em audiências privadas, foi oito integrantes da base aliada. No final do ano passado, ele chegava a receber até 15 governistas em um mesmo dia.

Com a perspectiva de troca de governo, funcionários em cargos de confiança começaram a buscar emprego na iniciativa privada. Segundo a reportagem apurou, além de auxiliares palacianos, jornalistas e publicitários que trabalham em pastas ministeriais têm entrado em contato com assessorias de imprensa atrás de vaga de trabalho.

Na quarta-feira (13) ainda, o presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch, e o presidente licenciado do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Guilherme Afif Domingos, deixaram o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado “Conselhão”.

Com o retrato de enfraquecimento, um assessor presidencial resume que, a partir de agora, só restou ao presidente levar a máquina pública “no piloto automático” para entregá-la em janeiro ao seu sucessor.