Bolsonaro defende ditadura e ataca eleições
Entrevistado pelo programa Roda Viva desta semana, Bolsonaro negou todos os crimes da ditadura milirar comprovados oficialmente e lançou suspeitas infundadas sobre urnas eletrônicas
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, colocou em dúvida, nesta segunda-feira (30), a lisura do processo eleitoral de outubro. “As eleições, de qualquer forma, estão sob suspeição”, disse ele, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
O argumento, segundo ele, é que o sistema eletrônico de votação é suscetível a fraudes. Ele criticou decisão do STF de anular dispositivo da lei eleitoral que previa a impressão do voto, após pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
“Eu lamento que a senhora Raquel Dodge tenha prestado um desserviço à sociedade há poucas semanas. Por intermédio de uma ação dela, o Supremo derrubou a possibilidade do voto impresso nessas eleições. Ou seja, vamos continuar sob a suspeição da fraude, e o voto é uma coisa sagrada da democracia”, afirmou.
Questionado sobre o motivo de disputar eleições que ele acredita serem passíveis de fraude, o político afirmou que não tinha outra escolha. “Qual outro caminho eu tenho, entregar para o PT ou para o PSDB? Eu vou estar na luta de qualquer maneira. Todos nós desconfiamos.”
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a elogiar o regime militar, negando que tenha ocorrido um golpe em 1964. “Não foi golpe, golpe é quando é pé na porta”, disse o candidato, com o argumento de que o presidente derrubado, João Goulart, abandonou o país e que seu cargo foi declarado vago pelo Congresso da época.
Ao mesmo tempo, disse que a tortura, comum durante o período militar, é algo que “abomina”. Como vem fazendo, ele negou que seja homofóbico, racista e misógino. Também disse que recebe auxílio moradia da Câmara mesmo tendo apartamento próprio porque tem direito ao benefício.
Questionado sobre arquivos da ditadura, Bolsonaro respondeu que a questão deve ficar no passado e que a população carece de outras demandas.
“É uma ferida que tem que ser cicatrizada. Esqueçam isso. O povo está sofrendo com desemprego, com mulheres sendo estupradas. Se eu chegar lá [na Presidência], é daqui para frente”, disse.
Nesta segunda (30), o Ministério Público reabriu as investigações sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog. O caso foi retomado após a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenar o Brasil, no começo do mês, por não investigar e punir o crime ocorrido em 1975, durante a ditadura militar.
Com informações da Folha de S. Paulo.