Plano de governo de Lula é vitória da esquerda

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A entrevista que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad concedeu ao jornal Valor Econômico (Grupo Globo) revela radical guinada ideológica de Lula e seu partido. A ideia de “conciliação de classes” que pautou os três governos nacionais do PT (2003 – 2016) foi abandonada. A esquerda brasileira, como a americana, enfrentará a radicalização da direita.

Coluna do jornalista Nelson de Sá na Folha de SP (23/7) deu conta de que a esquerda do partido Democrata, nos Estados Unidos, está radicalizando no discurso e vencendo indicações para candidaturas do partido a cargos eletivos. Esse movimento equivale às alas radicais de esquerda do PT vencerem indicações do partido para ocupar cargos e disputar eleições.

“Há uma revolução à esquerda. Democratas se preparam”, diz a manchete do The New York Times, que relata a escalada da socialista Alexandria Ocasio-Cortez no Partido Democrata, em plena Nova York.

A reportagem Aborda casos semelhantes nos Estados Unidos,  nos quais a esquerda democrata vem enfrentando – e, por vezes, derrubando – nomes estabelecidos em Michigan, Pensilvânia e Maryland.

Por que isso nos interessa? Porque, em boa medida, o Brasil vive fenômeno parecido com o que instalou no governo dos Estados Unidos um tarado como Donald Trump, capaz de dizer toda sorte de atrocidades, implantar políticas públicas contrárias aos direitos humanos, levar seu país à beira de uma guerra nuclear ou empobrecer a maioria em detrimento de ínfima minoria.

As eleições de 2014 no Brasil nos geraram o Congresso mais conservador desde 1964, segundo estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

As Américas, como um todo, moveram-se para direita após mais de uma década de governos de esquerda do Alasca à Patagonia, ou do norte-americano Barack Obama à dinastia dos Kirchner, na Argentina.

Os ciclos políticos entre governos de esquerda e direita têm periocidade análoga à dos ciclos econômicos de crescimento e recessão e os dois tipos de ciclos se alternam em qualquer país e em regiões inteiras pelo mundo afora ao longo do tempo.

A direita cansou de jogar as regras do jogo democrático e ser derrotada eleitoralmente. Nos EUA, há notícias de vários estratagemas do partido Republicano que forçaram a eleição de Trump à margem do processo legal, mas nada foi comprovado.

Já abaixo do Equador, a história foi diferente em vários países, tais como Honduras, Paraguai e Brasil. Em todos esses países, a direita partiu para o golpismo, porém valendo-se de simulacros de “processos legais” para dar ao golpe aparência de legalidade.

Agora, porém, as coisas estão mudando nos EUA, escaldado pela governança psicótica e desumana de Donald Trump. E, pelo andar da carruagem, por aqui também há um movimento iniciante de radicalização da esquerda, porém dentro do processo democrático.

Entrevistado pelo jornal Valor Econômico, oi ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, cotado como vice na chapa de Lula ou seu indicado para disputar a presidência se o próprio ex-presidente não puder disputar, revela que o programa de governo com o qual o Partido dos Trabalhadores disputará a eleição de 2018 vai propor um ataque frontal ao aparato conservador que levou o país ao golpe e trouxe de volta a fome, a pobreza, a miséria, os baixos salários e o saque ao patrimônio público.

Haddad anunciou que se o PT vencer a eleição irá atacar a Globo, a concentração do sistema bancário brasileiro, vai cobrar menos imposto e mais dos ricos e revogará a reforma trabalhista, em forte guinada à esquerda em relação aos governos petistas entre 2003 e 2016, pautados pela conciliação entre capital e trabalho.

De certa forma, não havia outra alternativa. Sem reação, os brasileiros se tornarão cada vez mais pobres enquanto 1% da população enriquecerá de forma impensável e muito rapidamente.

Eis por que a esquerda precisa vencer a eleição de 2018 a qualquer preço. Do contrário, você que não é rico, milionário ou até bilionário, vai ver a coisa ficar feia para o seu lado nos próximos anos. Se você pensa em votar em psicopatas como Bolsonaro ou despachantes de banqueiros como Alckmin, saiba que a esquerda vai salvá-lo de si mesmo.

Assista a reportagem em vídeo.