O Brasil desmorona com cada tijolo do Museu Nacional

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O Museu Nacional se foi… Nada sobrou.

A nota do DCE da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre o incêndio no Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, dá bem a dimensão do desastre. O prédio de 200 anos guardava um enorme acervo de peças paleontológicas e arqueológicas, inclusive o mais antigo fóssil de homo sapiens da América, a Luzia (foto abaixo). Possuía, também, o maior acervo botânico do país. O Museu se destacava pela excelência em ensino e pesquisa e seu prédio, imponente, guardava também histórias de um país em desenvolvimento.

Mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, Luzia, fazia parte do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro

Cada tijolo que cai, cada vidraça estilhaçada, cada peça do acervo que o fogo consome neste momento podem ser entendidos como uma riqueza do país que se perdeu com o golpe.

As causas dessa tragédia ainda serão apuradas, evidentemente, mas não podemos nos esquecer de que o governo golpista cortou verbas das instituições de ensino públicas para que elas morram de inanição.

E tem sido assim. Porque é muito mais do que o Museu Nacional. É um país inteiro. Estamos vendo as riquezas brasileiras serem consumidas pelo que há de mais devastador. Os direitos, a floresta, a produção intelectual, a tecnologia, a cultura, o petróleo, a água, a energia… tudo sendo corroído com a ajuda de brasileiros que odeiam o Brasil, a serviço de estrangeiros que levam tudo a preço de banana.

Vamos muito, muito mal. Que as eleições de 2018 sejam água fresca que abranda dores e lava feridas.

 

Lei a íntegra da nota do DCE da UFRJ:

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Fundado pelo Dom João VI em 1818 e localizado na Quinta da Boa Vista, o Museu Nacional de História Natural da UFRJ é a mais antiga instituição de pesquisa científica do país completou 200 anos este ano e guardava um enorme acervo de peças paleontológicas e arqueológicas inclusive o mais antigo fóssil de homo sapiens da América, a Luzia. O Museu conta com mais de 20 mil obras em seu acervo e é um dos mais importantes do mundo, possibilitam pesquisas centrais para nossa sociedade. Os bombeiros já estão no local, embora ainda não sabemos as causas do incêndio. Os quatros vigilantes que estavam no interior do museu não ficaram feridos e saíram a tempo. Com certeza, é uma perda de valor imensurável para a nossa comunidade acadêmica e para o nosso patrimônio científico, cultural e histórico.

Há muito tempo, pesquisadores e movimentos apontam que falta verba na educação para investimento e custeio, mas o Governo segue desmontando e desinvestindo em Educação, Ciência e Tecnologia. O que aconteceu hoje não é resultado de uma falta de manutenção no abstrato, mas de um projeto de educação que tem destruído toda a nossa Universidade e esgarçado as possibilidades de construir ciência pública, gratuita e emancipatória nesse país.

É triste notar o lugar que a educação tem ocupado nos últimos anos no nosso país: em menos de 10 anos, o Palácio Universitário, a Escola de Belas Artes, o Alojamento da UFRJ e agora o Museu Nacional foram levados pelas chamas. O que aconteceu hoje leva milhões de anos em pesquisas de humanidades, leva documentos e tratados que são centrais pra se compreender a nossa organização social atual e pensar no futuro do nosso país e leva junto uma gama enorme de memórias afetivas de muitos moradores e visitantes da cidade que conviveram por diversas gerações com um espaço aberto à comunidade que frequentava o espaço.

Para transformar a situação da UFRJ e das demais escolas e universidades no nosso país, precisamos virar o jogo e derrubar a Emenda Constitucional 95 que congela os investimentos em educação. Congelando as verbas, a gente possibilita que nosso presente, passado e futuro sejam destruídos.

#SemVerbaSemManutenção #CongelarÉFogo!

Esperamos que seja apurado o que houve e que nosso museu seja reconstruído. Toda solidariedade aos pesquisadores!