Para restaurar a democracia, PT terá que fazer alianças

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Com a consolidação da mais feroz e decisiva disputa eleitoral no Brasil em segundo turno desde a redemocratização, entre o acadêmico e professor da USP Fernando Haddad e o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro, já se faz necessário pensar no day after, ou seja, no que a sociedade deve fazer para garantir a posse do eleito e a governabilidade.

Em primeiro lugar, há que pensar em garantir a posse do mais provável candidato à Presidência, Fernando Haddad, que seguramente estará no segundo turno e deverá vencer com folga Jair Bolsonaro.

Por que devemos pensar em garantir a legitimidade do novo governo, porque em entrevista recente ao jornal Estado de São Paulo o general Villas Boas, comandante do Exército, afirmou que, dependendo de quem vencer a eleição presidencial, o eleito poderá até mesmo “ter sua legitimidade questionada”.

Tradução: os militares podem não “aceitar” que este ou aquele candidato vença a eleição e tome posse.

Diante de um quadro de possível ruptura institucional aos moldes das que havia no Brasil no século XX, a união das forças políticas democráticas se faz necessária. Não se pode, nesse contexto, excluir forças democráticas com base simplesmente em ideologia, grupo político etc.

Quem estiver disposto a garantir a prevalência da decisão das urnas deve ser chamado a militar pela legalidade e pela posse do novo governo, sobretudo se o eleito for mesmo Fernando Haddad, pois é a ele que o general golpista se referiu, bem como a Lula.

Contudo, não é só disso que se trata. O Brasil precisa fazer contrarreformas, para desmontar o monstrengo implantado pelo governo Temer e que está destruindo empregos, programas sociais e o futuro do país.

Para que isso ocorra, o PT e Haddad terão que fazer alianças e a esquerda precisa entender que, no contexto atual, não dá para ficar torcendo o nariz ao menos para aliados da suposta centro-esquerda extra-PT, como Ciro Gomes ou Marina Silva.

Alguns partidos de centro-direita que quiserem se somar ao novo governo precisam ser avaliados e, em caso de uma possível aliança, ela poderia ser feita com base em critérios claros e comunicados com clareza à sociedade.

O momento é extremamente preocupante. Bolsonaro já disse que não aceitará nenhum resultado da eleição que não seja a sua vitória.

Nesse contexto, pode-se supor que existe aí uma ameaça implícita da tal intervenção militar caso o eleito seja Haddad. A menos que prefiramos uma ditadura, teremos que aceitar alianças do PT feitas de forma clara e bem explicadas. Ou o Brasil mergulhará no desconhecido.