Paulo Guedes quer dizimar reservas internacionais conquistadas nos governos do PT

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Nas discussões internas da equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, propôs a redução das reservas internacionais do país, que hoje somam US$ 380,3 bilhões. Para Guedes, segundo informou ao Valor uma fonte que participou da elaboração do programa do novo governo, não faz sentido o Brasil manter nível tão elevado de reservas cambiais, principalmente, porque o custo de carregamento é muito alto.

Um dos argumentos de Guedes é que a venda de parte das reservas permitiria reduzir o tamanho da dívida pública, além de diminuir substancialmente a despesa com os juros dessa dívida, o que é considerado pelo principal economista de Bolsonaro um dos objetivos primordiais da nova política econômica.

As reservas brasileiras foram constituídas por meio de endividamento público. O Banco Central usa títulos emitidos pelo Tesouro Nacional para obter os recursos necessários à compra de dólares. Assim, o custo das reservas é calculado pela diferença entre a taxa de captação do Tesouro, que grosso modo corresponde à taxa básica de juros (Selic), e a remuneração obtida pela aplicação dos recursos no exterior, geralmente muito baixa.

Hoje, as reservas equivalem a 20% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a dívida bruta do governo, nos 12 meses acumulados até setembro, está em 77,2% do PIB. A despesa anual com juros, por sua vez, chegou a 5,9% do PIB nos 12 meses até setembro. Com a venda de reservas, o BC reduziria o endividamento do setor público, diminuindo o gasto com juros.

O volume de reservas tem ajudado o Brasil a enfrentar crises externas. Foi crucial para o país lidar, por exemplo, com a severa crise financeira mundial em 2008. Parte do staff de Bolsonaro teme, porém, que a redução das reservas possa causar algum tipo de perturbação no mercado, justamente no início do novo governo.

Do Valor Econômico