Retórica bolsonarista fará país perder mercados no exterior

Todos os posts, Últimas notícias

Se eleito, como indicam as pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) vai ter de arrefecer seu discurso radical.

Facilmente aceito pela maioria da população brasileira neste momento, ele será um grande empecilho nas negociações externas.

O grande afetado nesse contexto será o agronegócio, que poderá perder bilhões de reais nas negociações externas.

Se o candidato ignorar políticas comerciais e dividir os países para negociações comerciais conforme as cores das bandeiras, provocará um retrocesso do país no exterior.

Pesam contra Bolsonaro declarações favoráveis à mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém —uma afronta aos países árabes.

Além disso, o candidato criticou a presença de empresas chinesas no Brasil, principalmente na área de energia. Os chineses também não ficaram confortáveis com a visita dele a Taiwan neste ano.

Qualquer afronta brasileira e uma eventual retaliação do país asiático trariam grande prejuízo para o agronegócio.

Até setembro, os chineses importaram o correspondente a US$ 24,5 bilhões do Brasil (R$ 90 bilhões, com base no dólar a R$ 3,69), 37% da exportação total de alimentos.

Outras áreas sensíveis são Oriente Médio e Irã, onde países de maioria muçulmana não aceitariam a mudança da embaixada.

Neste ano, as exportações brasileiras de alimentos para os árabes somam US$ 8,1 bilhões, 12% do total exportado pelo Brasil. Cereais, carnes e açúcar encabeçam a lista desses produtos.

O Irã, outro importante parceiro comercial, já comprou 4,7 milhões de toneladas de milho do Brasil até setembro, gastando US$ 3,5 bilhões.

Não dá para o país imaginar que, por ser um grande produtor de alimentos, jamais será deixado de lado em alguma disputa política ou econômica.

O país perdeu a preferência dos europeus pelo frango. O bloco se voltou para a Tailândia. Os russos, que levavam 40% da carne suína brasileira, fecharam as portas ao produto brasileiro no ano passado e não voltaram mais.

Até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao impor barreiras industriais a alguns países e criar uma guerra comercial, viu o fluxo de produtos agropecuários minguar para alguns importantes mercados.

O resultado foi que, para aliviar um pouco a situação dos produtores americanos, destinou subsídios no valor de US$ 12 bilhões para o setor. Desse valor, US$ 4,7 bilhões já foram distribuídos. O Brasil teria condições de fazer isso?

A menor participação dos americanos no setor externo poderá elevar os estoques finais de soja da safra 2018/19 dos Estados Unidos para 24 milhões de toneladas. Na safra 2016/17, eram 8,2 milhões. Na 2017/18, 11,9 milhões.

*

DÉFICIT DE AÇÚCAR

Revisão de safra em alguns dos principais produtores mundiais de açúcar fez a Datagro refazer as expectativas de oferta e demanda do produto em 2018/19. Prevendo anteriormente um superávit de 3,68 milhões de toneladas, a consultoria estima agora um déficit de 710 mil toneladas para o período. Em 2017/18 houve um excedente de 8,35 milhões.
A produção de açúcar deverá somar 27,3 milhões de toneladas no centro-sul. Já a de etanol sobe para 30,5 bilhões de litros, segundo a Datagro. Apenas 36% da cana colhida será destinada à produção de açúcar, com o restante ficando para a fabricação de etanol.
O aumento da utilização da cana para a produção de etanol se deve à alta dos preços da gasolina e às mudanças tributárias. O consumo de etanol soma 11,5 bilhões de litros de janeiro a agosto, 42% mais que em 2017, segundo a Reuters.

*

Produtores de café do cerrado mineiro e representantes das indústrias de torrefação se encontram nesta terça-feira (23) no Sindicafé, em São Paulo. Haverá uma apresentação, pelos produtores de café, do produto da nova safra, que será avaliado pela indústria.

A Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro vai apresentar as principais características da produção e da denominação de origem do produto da região. Para a Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), o encontro serve para um aumento da confiança nos negócios entre as partes.

A produção de algodão na Austrália está abaixo do esperado, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Os australianos ocupam o quarto posto nas exportações mundiais do pluma, e a quebra de produção no país poderá deixar mais espaço para o Brasil.

A avaliação é do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), que vê problemas também na safra dos EUA. Algumas das áreas de produção do país foram afetadas pela passagem de furacões, o que resultou em queda da qualidade do produto. Os americanos estão em período de colheita.

Da FSP