Diante da ineficiência do Brasil no caso Marielle, Anistia sugere comissão externa
A Anistia Internacional sugeriu a criação de uma comissão externa e independente para acompanhar as investigações da morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março. O crime completa oito meses nesta quarta-feira (14).
Segundo Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional, nunca é tarde para a criação de uma comissão sem nenhuma ligação com o Estado, formada por peritos, juristas e especialistas em investigação criminal para verificar o andamento das investigações e cobrar pela identificação dos assassinos de Marielle e Anderson.
“ O fato de as investigações terem se iniciado há oito meses não impede que uma comissão seja criada hoje, e identificar se nesse passado investigativo houve negligências, fraudes, interferências indevidas ou se linhas investigativas não foram seguidas“, afirmou Renata. Segundo ela, grupos semelhantes forma criados para acompanhar casos de desaparecimentos, mortes e violações de direitos humanos na Nicarágua, em Honduras e no México.
O pai de Marielle, seu Antônio, disse que a impressão é de que as autoridades estão “enxugando gelo”.
“A impressão que eu tenho é que nós estamos enxugando gelo. Oito meses passados, ainda temos as mesmas perguntas e não temos nenhuma resposta “, disparou Antônio.
Apesar disso, a mãe da vereadora, Marinete, diz acreditar no trabalho da Polícia Civil e do Ministério Público, que em setembro entrou no caso através do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ela não considera que seja importante que o caso seja investigado pela Polícia Federal.
“ O caso é Estadual. A Policia Federal nunca esteve afastada do caso, muito pelo contrário. Houve avanços depois que o GAECO entrou, a DH também está fazendo o trabalho dela, a investigação Estadual tem conseguido avançar, é isso que a gente quer: que seja resolvido”, afirmou Marinete.
No relatório sobre o caso, que faz um balanço dos oitos meses de investigação após o crime, há 16 perguntas sobre o que já foi divulgado pela imprensa e pelas próprias autoridades. Entre os questionamentos da Anistia Internacional sobre as investigações do caso, estão:
Disparos e Munição
- A munição pertence mesmo ao mesmo lote utilizado em uma chacina em São Paulo em agosto de 2015?
- Como ele foi extraviado da Polícia Federal e por quem?
- Como esta munição chegou ao Rio de Janeiro?
- Qual a relação com o grupo de extermínio de São Paulo?
Arma do crime
- Como as 5 submetralhadoras HK-MP5 sumiram do arsenal da Polícia Civil? Quem são os responsáveis?
- O que foi feito para aumentar o controle das armas pertencentes ao Estado?
Carros, aparelhos e câmeras de segurança utilizados
- O aparelho luminoso usado dentro do carro utilizado pelos criminosos que mataram Marielle era um celular?
- Quem clonou as placas do carro e onde isso aconteceu?
- Quem desligou as câmeras?
- De onde os carros vieram e para onde foram?
- O restante do trajeto dos carros não foi mapeado?
Os procedimentos seguiram os padrões necessários ou houve negligência ou tentativa de fraude?
O que as autoridades tem a dizer sobre informações veiculadas que sugerem uma inconformidade com o devido processo legal?
As investigações estão próximas do fim?
As investigações estão andando devidamente te ou estão sendo atrapalhadas, inclusive por agentes do Estado?
Do G1