Médicos dos EUA publicam fotos chocantes de vítimas de armas de fogo

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Nos EUA, médicos estão compartilhando fotos chocantes de como é tratar vítimas de armas de fogo. O movimento é uma resposta a um tuíte da Associação Nacional de Rifles (NRA) americana, que criticou profissionais de saúde que defendem maiores restrições a armas de fogo dizendo que eles deveriam “ficar na deles”.

“Alguém deveria mandar esses médicos antiarmas arrogantes ficarem na deles,” tuitou a NRA na semana passada. Um dia depois, um atirador abriu fogo dentro de um bar em Thousands Oaks, Califórnia (EUA), matando 12 pessoas.

No tuíte, a NRA criticava um novo artigo da organização American College of Physicians com sugestões para abordar a violência com armas de fogo nos EUA.

Em resposta à NRA, diversos médicos passaram a publicar fotos e contar suas experiências com vítimas de arma de fogo.

“Você faz ideia de quantas balas tenho que tirar de cadáveres toda semana?”, respondeu Judy Melinek, médica legista, no Twitter.

Quatro deles também conversaram com o BuzzFeed News por e-mail. Todos mencionaram que a parte mais difícil do seu trabalho é comunicar a morte das vítimas às suas famílias.

Robert Lyons, membro da equipe de cirurgia cardiotorácica da Universidade da Califórnia, Los Angeles, disse ao BuzzFeed News que “a forte emoção de momentos assim permanece com todo médico pelo resto de sua vida”.

“A morte afeta para sempre a família e todos aqueles que tentaram salvar as vítimas”, acrescentou.

“Dezesseis anos de idade com ferimento a bala na aorta. @NRA, a mãe dele está na sala de espera”, escreveu Lyons no Twitter com uma foto de sangue espalhado por sua máscara cirúrgica. “Vocês querem dizer a ela que ele não sobreviveu? É, acho que não.”

“O que a foto não mostra é o grande número de enfermeiros, médicos, técnicos e funcionários que se doaram de corpo e alma aos cuidados não só dessa vítima de violência, mas de todas as que chegam”, disse.

Adam Shiroff, diretor do the Penn Center for Chest Trauma, na Filadélfia, disse ao BuzzFeed News que trata vítimas de armas de fogo há mais de 10 anos.

“Sem dúvida, a parte mais difícil, como mostraram amigos e colegas no Twitter, não são os aspectos técnicos das operações, que são complicadas e arriscadas, mas sim o aspecto humano”, disse. “É ter que trocar o uniforme que está cheio de sangue antes de ir falar com a família para dizer que o filho deles está morto.”

Esther Choo, professora associada da Oregon Health & Science University, disse ao BuzzFeed News que trabalhou como médica de emergência em centros de trauma urbanos durante toda a sua carreira e tratou “incontáveis pacientes” com ferimentos de bala.

Melinek, a médica legista de São Francisco cujo tuíte em resposta à NRA viralizou nas redes sociais, disse ao BuzzFeed News que já realizou autópsias de mais de 300 casos de ferimentos a bala. “Alguns têm apenas uma bala e outros chegam a 43”, disse.

Melinek quer que os americanos saibam “que existe uma solução”.

“Médicos e cientistas nos ensinaram a reduzir as mortes causadas por acidentes de carro e por tabagismo”, disse. “Se quisermos a redução das mortes por armas, devemos escutá-los, financiando pesquisas sobre violência com armas de fogo.”

Shiroff também quer que as pessoas nos Estados Unidos “entendam a amplitude desse problema”.

“As mortes em massa, como as que aconteceram recentemente em Thousand Oaks e Pittsburgh, são acontecimentos terríveis, mas a verdade é que toda semana ocorre um grande número de mortes por armas de fogo em toda grande cidade dos Estados Unidos”, disse. “O público deveria entender que a maioria de nós da comunidade médica não é antiarmas; nós somos contra mortes evitáveis e sem sentido.”

Do BuzzFeed