Paulo Guedes e ministro de Temer tramam aprovação de impopular Reforma da Previdência
O atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, está se entendendo tão bem com o seu sucessor Paulo Guedes, que se animou até a lhe dizer que a grande âncora dos planos econômicos futuros terá que ser obrigatoriamente a reforma da Previdência.
“O país não aguentará”, se a reforma não for feita com urgência, disse Guardia nesta sexta-feira (30) em um intervalo da cúpula do G20, o clubão das 20 maiores economias do mundo.
Guardia conta que a transição está sendo conduzida com a mais absoluta suavidade, diz que está alinhado com a direção geral das propostas do sucessor, mas condiciona os resultados à reforma da Previdência.
Deve ser, acha o ministro, uma reforma nos moldes da que foi proposta por Michel Temer. Guardia acha que uma mudança radical de modelo, com a adoção do sistema chamado de capitalização, deveria ficar para o futuro. Por um motivo bastante simples mas definitivo: a mudança nessa direção não resolve os problemas do presente e, se eles não forem resolvidos, tudo o mais virá abaixo.
Virá abaixo, por exemplo, o teto de gastos, o que obviamente geraria alarme nos mercados financeiros, além de exigir aumento de impostos para cobrir o rombo —e aumento de impostos entra na lista daquilo que “o país não aguentaria”.
Guardia acha que o teto de gastos funciona como uma âncora para um ajuste fiscal gradual.
A reportagem pondera que reforma previdenciária é sempre difícil. Guardia concorda e até diz que é difícil em qualquer país do mundo. Mas, acha, a partir de conversas com líderes do Congresso e com o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ser eventualmente reconduzido, que “está dada [no Congresso] a percepção de que a reforma é urgente”.
O ministro usa um argumento já mencionado no debate sobre a reforma proposta por Temer como alavanca para que os parlamentares a aprovem agora: “60% dos pensionistas, aqueles que recebem o mínimo, não serão afetados”. Ou, posto de outra forma, serão atingidos basicamente os privilegiados.
Se Paulo Guedes e seus pares na nova equipe econômica concordam com Guardia e, mais que isso, se serão capazes de agir nessa direção, só se saberá a partir de 1º de janeiro.
Da FSP