Youtuber enganou eleitores se passando por Bolsonaro no Whats App

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Um vídeo no YouTube em que André Marinho, filho do empresário Paulo Marinho (suplente de Flávio Bolsonaro no Senado), disse ter mandado áudios no WhatsApp imitando Jair Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, tem sido compartilhado e comentado por blogs e perfis que dizem que ele enganou eleitores.

No vídeo, que faz parte da série de entrevistas Teste do Sofá, do canal do MBL (Movimento Brasil Livre), André Marinho conta a Kim Kataguiri (DEM-SP) e a Arthur do Val, o Mamãe Falei (DEM-SP), que, durante a campanha eleitoral, impressionou Flávio Bolsonaro e a equipe do PSL com sua capacidade de reproduzir o timbre e as idiossincrasias verbais do agora presidente eleito.

“[Imitando Jair Bolsonaro] No tocante à imitação do presidente eleito, Jair Bolsonaro, estamos falando de uma imitação que não se limita única e exclusivamente a essas coisas batidas que estão aí, entendeu? Tá ok? No tocante à minha imitação, eu tento captar os maneirismos, as nuances da imitação e não fazer algo, aí, que nem o Adnet faz.” [Passa a imitar o comediante Marcelo Adnet imitando Jair Bolsonaro]: “Ããã… Nós… Estamos aqui defendendo contra as crianças homossexuais…” —é interrompido por Kim Kataguiri, impressionado por Marinho imitar Adnet imitando Bolsonaro.

Durante o período eleitoral, amigos passaram a lhe pedir que gravasse áudios, que foram enviados por WhatsApp para conhecidos.

“Teve um belo dia que eu mostrei minhas imitações para o Flávio [Bolsonaro] e as pessoas ficavam até encomendando áudios. A equipe [dizia]… ‘Ô André, você pode fazer o favor de mandar pra minha tia dois áudios? E pra Araçatuba e pra Sorocaba?’”, afirmou. “Eu mandei, assim, papo de, milhares de áudios, eu não tô brincando”. André Monteiro disse que gravou os áudios a pedido de amigos e “não da estrutura de campanha do então candidato Jair Bolsonaro”.

O áudio que André Marinho considerou o mais emblemático foi um que lhe pediram para mandar a garimpeiros da Serra Pelada (distrito do município de Curionópolis, no sudeste do Pará) —considerado por ele um reduto petista. Ele reproduziu a imitação no vídeo.

“Olá doutor Rubinho. Aqui Jair Bolsonaro. Vamos fazer de tudo…” [Interrompe para explicar que fez um Bolsonaro abatido após atentado, com a voz em volume fraco.] “Estamos, aqui, agradecendo pelas orações, a consideração, o carinho. E [quero] dizer que conto com vocês, aí, para o que der e vier. Vocês sabem que terão em mim um defensor implacável de agora em diante, tá ok? Valeu pessoal, o Brasil é nosso.”

Após mandar o áudio, Marinho afirmou que recebeu mais de uma centena de mensagens de garimpeiros emocionados. “Ôxe! Finalmente nós tem um presidente que representa a gente”, disse imitando os garimpeiros. “Eu devo ter virado uns 50 mil votos nesse reduto”.

Sobre o que fez durante a campanha eleitoral, André Marinho declarou no vídeo do MBL que “não sei se isso é crime eleitoral ou não, mas eu tava nesse ritmo”.

Diogo Rais, especialista em direito eleitoral, diz que a legislação não trata especificamente sobre a “ação de imitar a voz de um candidato no WhatsApp visando amealhar votos”. Segundo o professor de direito, o artigo 57-B do código chega a vedar que uma pessoa se passe por outra para produzir conteúdo de cunho eleitoral, o que pode gerar multa de até R$ 30 mil. Ainda assim, a interpretação, neste caso, tem peso, pois o artigo foi pensado para evitar perfis falsos e robôs nas redes sociais.

André Marinho disse que lamenta como o vídeo está sendo tratado por blogs e sites que ele considera de extrema-esquerda e sem senso de humor. O youtuber disse que os áudios foram feitos para amigos e que a esquerda subverte seu direito de liberdade de expressão com a finalidade de atacar o presidente eleito.

Da FSP