Família de Leonardo Quintão, articulador de Bolsonaro, fez contrato para atuar em barragem
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Uma empresa da família de um dos principais articuladores políticos do governo Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG), teve contrato para explorar a bacia de rejeitos do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), onde a barragem da mineradora Vale se rompeu na sexta-feira (25).
O contrato deu origem a um projeto de exploração dos rejeitos, que ocorreu em 2014 –antes da tragédia que deixou ao menos 60 mortos e 292 desaparecidos.
O parlamentar, que foi relator do Código da Mineração, e hoje ocupa a Subchefia de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, subordinado direto ao ministro Onyx Lorenzoni (DEM), tem relação próxima com mineradoras —sua campanha foi financiada por empresas do setor. Ele não conseguiu se reeleger deputado no ano passado.
A empresa Elijah Administração e Participações LTDA, de Rodrigo Quintão, irmão do deputado, fechou um “memorando de entendimentos” com a mineradora Green Metals Soluções Ambientais, para explorar rejeitos de propriedade da Vale na bacia do Córrego do Feijão.
Uma empresa do deputado estadual eleito por Minas Virgílio Guimarães (PT) participou do negócio. Segundo Guimarães, a Brasil Século III Consultoria LTDA teve apenas papel de estruturação nos negócios.
“Uma das coisas que me pareceu na ocasião por volta de 2012, 2013, é que tinha uma enorme possibilidade de exploração massiva de rejeitos”, diz.
Segundo ele, o projeto acabou não indo adiante por desistência da Vale. ” Infelizmente, porque, se tivesse ido para frente, esse acidente não teria ocorrido”, diz.
O plano era implantar um projeto de beneficiamento de rejeitos a seco. Rodrigo Quintão disse à Folha que o projeto foi inviabilizado por questões econômicas.
“Começamos [o projeto]. Entretanto, devido à crise alguns anos atrás, com a queda do preço do minério, a operação foi inviabilizada. Só chegamos a fazer os testes”, disse.
Questionada, a Vale afirmou que não é parte desse memorando de entendimento, “portanto, o contrato não é reconhecido pelo estrato encaminhado” pela reportagem.