Qual será o lado de Bolsonaro que veremos em Davos?
Na próxima semana, Jair Bolsonaro fará sua primeira viagem internacional como presidente da República. O destino é a cidadezinha de Davos, nos Alpes suíços, para se reunir com a nata da comunidade global no Fórum Econômico Mundial.
Chegará ladeado pelo “yin” e “yang” das política externa e comercial de seu governo: o chanceler Ernesto Araújo e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Enquanto o primeiro é contra o globalismo, o outro fala em promover uma abertura unilateral do mercado brasileiro ao mundo.
Guedes estará em seu habitat natural. O ex-banqueiro vai vender aos seus antigos pares a reforma da Previdência que deseja aprovar no Congresso para ajustar as contas nacionais. O objetivo, claro, é convencer os investidores a trazer seu dinheiro para cá.
Ele pretende ainda aproveitar a viagem –longe da influência do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da rede de militares que gravita em torno do presidente– para convencer Bolsonaro a implementar uma reforma dura, que signifique uma economia significativa para os cofres públicos.
Já Ernesto Araújo é uma incógnita. Divirto-me pensando que o chanceler cumprimentará as pessoas nos corredores do Fórum com a saudação “Anuê Jaci” (Ave Maria, em tupi), com a qual terminou seu discurso de posse, mas não acredito que ele chegue a tanto.
Na verdade, difícil saber o que faz um Davos alguém que disse que se deve ler menos a revista Foreign Affairs, o jornal New York Times, e assistir menos CNN. Alguém consegue imaginar alguma reunião no planeta onde esses três veículos façam mais sucesso e tenham mais influência?
O fato é que Araújo pode até gerar manchetes, mas não será o centro das atenções. O importante mesmo é o que o dirá o presidente. Qual dos dois Bolsonaros irá a Davos? O recém-convertido adepto do liberalismo ou o soldado antiglobalização defensor do Brasil grande?
Isso se ele não passar boa parte da viagem explicando à imprensa brasileira porque o seu filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal para suspender um processo no qual sustentava até outro dia que não era sequer investigado…
Da FSP